Sector petrolífero regressa ao crescimento depois de 23 trimestres em queda
Depois de ter saido de cinco recessões consecutivas em 2021, a economia angolana entrou em 2022 com crescimento, para aquela que é a segunda maior subida de um trimestre em termos homólogos desde 2017. Há quatro trimestres consecutivos que o PIB em termos homólogos está em expansão.

Depois de 23 trimestres consecutivos com quedas homólogas, a extracção e refinação de petróleo regressou ao crescimento, de 1,9%, de acordo com as Contas Nacionais do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o I trimestre de 2022, que revela que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional cresceu 2,6% entre Janeiro e Março deste ano face ao mesmo período do ano passado. A economia angolana entrou assim em 2022 com crescimento sólido, naquela que é a segunda maior subida de um trimestre em termos homólogos desde 2017. Há quatro trimestres consecutivos que o PIB em termos homólogos está em expansão.

Com a produção de crude angolano em declínio há vários anos, o regresso ao crescimento do sector do petróleo é uma das principais razões para a expansão do PIB no I trimestre deste ano, com o INE a justificar que esta subida que contribuiu positivamente em 0,47 pp na variação total do PIB se deve a vários factores, entre eles o aumento da procura na Europa (efeito das sanções à Rússia pela invasão à Ucrânia) e na Índia, mas também pelas "tentativas de golpe de estado no Cazaquistão associada à redução da quantidade produzida pela Líbia", que impulsionou o "aumento da procura do petróleo na África ocidental, incluindo as ramas angolanas".

A empurrar a economia para cima está igualmente o sector dos transportes, que cresceu 31,3% face ao mesmo período de 2021, contribuindo positivamente em 0,71 pp na variação total do PIB, que o INE diz ser justificado com crescimento exponencial no subsector aéreo, fruto do aumento de frequências de voos, consubstanciado ao alívio total das medidas de combate à Covid-19, e por outro lado, a entrada em funcionamento de novas operadoras, no serviço de transporte urbano a nível de Luanda.

Também a construção cresceu 4,1%, contribuindo positivamente em 0,34 pp na variação total do PIB, que se deve ao ligeiro aumento de materiais de construção de origem nacional e importada, segundo avança o INE. Também o comércio cresceu (1,6%), representando 0,29 pp da variação do PIB, com este sector a beneficiar dos aumentos significativos na produção agrícola, pesca e bens manufacturados.

Já o sector da pesca cresceu 5,4%, valendo 0,18 pp do crescimento homólogo verificado no trimestre. Também a agro-pecuária e silvicultura cresceu 3,0% (vale 0,15 pp), um sinal de que a produção interna está a crescer. Por falar em produção, a indústria transformadora nacional teve um crescimento de 2,0%, mas vale apenas 0,07% do crescimento no período em análise. Este aumento deveu-se à variação positiva da produção no ramo alimentar na ordem dos 11%, particularmente no sector das moageiras, massas e produtos de padaria, e pelo facto de representar mais de 60% no total dos sectores industriais. A electricidade subiu 2%, os serviços imobiliários 2,9% e as telecomunicações 2,4%, devido ao aumento do consumo dos serviços de comunicações, bem como o ensaio e preparativos da nova companhia Africell.

Também os outros serviços cresceram 4,8%, com a variação positiva deste grupo de sectores a justificar-se pelo facto de registar-se um aumento significativo da actividade de serviços de hotelaria e restauração na ordem 6%. Por último, os subsídios cresceram 7,2%, contribuindo em 0,58 pp para o crescimento homólogo no período, com o INE a justificar que a subida desta actividade se deve ao "facto de o sector público incrementar o valor da remuneração declarada face ao período homólogo bem como as actualizações, promoções faseadas das distintas categorias e ingresso de novos funcionários em alguns aparelhos do Estado".

Já a empurrar a economia para baixo, que neste trimestre perdeu o "suspeito do costume", que era o sector petrolífero, estão agora a produção e extracção de diamantes, com uma queda de 28,3% no I trimestre de 2022 em relação ao trimestre homólogo, contribuindo negativamente em 0,60 pp na variação total do PIB. "Esta variação deve-se à suspensão do terminal da Socomar, ao aumento da tarifa portuária, à instabilidade nos mercados de origem do produto associados à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Também maior cautela na extracção aguardando por momentos normalizados da actividade", justifica o INE.

Quanto à Intermediação Financeira e de Seguros, houve uma retracção de 14,7%, contribuindo negativamente em 0,19 pp na variação total do PIB, "motivada pela queda dos rendimentos dos bancos comerciais na ordem dos 15%".

Em termos trimestrais, o PIB cresceu 4,3% no I trimestre de 2022 face ao IV trimestre de 2021. As actividades que contribuíram positivamente para a variação do PIB no I trimestre de 2022 face ao trimestre anterior foram: extracção e refinação de petróleo 4,93 pp; electricidade e água 0,004 pp; construção 4,69 pp; correios e telecomunicações 0,58 p.p; intermediação financeira 0,56 pp; administração pública 0,41 pp e outros serviços 0,31 pp.

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