Por falta de realojamento vítimas das demolições em Cacuaco reerguem cubatas
Dois meses depois de verem as suas residências aos escombros por alegadamente construírem em local pertencente ao Estado, as vítimas das demolições na zona da Funda, município do Cacuaco, estão reerguer na mesma zona casas de chapa, visto que não foram realojadas desde as demolições.
RA

Os afectados dizem que estão a tomar essa atitude por não terem onde morar, e pelo facto de estarem habitar por de baixo do embondeiro com as crianças.

‘’Dormimos por de baixo do embondeiro com as crianças, com aquelas todas chuvas que caíram, sempre estivemos aqui, por não ter onde ir. Por isso estamos a voltar a construir casas, mas de chapa para evitarmos doenças, afinal não somos animal selvagem, precisamos de uma casa’’, desabafou senhor Domingos.

Triste e sem ter terminado o ano lectivo devido as demolições, o jovem Manuel, nome fictício, pede as autoridades competentes que os ajude a ter uma nova casa. ‘’Peço ao governo que nos dê só uma casa, estamos a dormir por de baixo do embondeiro e quando chove não conseguimos dormir, sentimos muito frio. Nos ajudam por favor’’, pede o jovem de 17 anos.

Inocentes e com sorriso estampando nos rostos, as crianças brincam correndo de um lado ao outro, mas não esquecem o cenário de destruição das suas casas, a nossa equipa conversou com o pequeno Mário de 7 anos, que tem o desejo quando for grande de ser polícia, mas substitui este desejo com um imediato, ‘’quero voltar a ter uma casa para poder assistir bonecos com os meus amigos, e dormir em paz sem apanhar chuva e não ser mordido pelos bichos’’, desejou o pequeno Mário.

Num clima de destruição e angustia, alegria floresce com o rolar da bola de saco, que aos chutes desfaz-se mas com vontade de querer continuar a partida, há sempre uma pausa para o concerto, um destes incansáveis jogador guerreiro, é o pequeno Barros de 10 anos, que tem o sonho de ser futebolista quando for grande, questionado se quer ter uma nova casa, Barros respondeu que ‘’sim’’ mexendo a cabeça, tímido o pequeno Barros disse à nossa reportagem que deseja aprender o ABC, ou seja, frequentar uma escola, visto que apenas frequentava a explicação que também acabou sendo demolida.

As vítimas clamam por ajuda, até mesmo de pessoas que doem um quilo de arroz ou qualquer alimento, uma vez que têm imensas dificuldades para se alimentar por falta de dinheiro. Segundo as vítimas, nos últimos dias têm recebido ameaças de militares que têm estado no local frequentemente, e ameaçam destruir as cubatas caso não abandonarem a zona imediatamente. 

As mais de 2 mil vítimas fizeram saber que a zona dita como reserva do Estado, está ser projectada para construção de um aviário que pertencerá ao ministro da Geologia e Minas, Francisco Queirós, numa área de mais de 7 quilómetros.

Recentemente a administração do município de Cacuaco , fez saber que nesta zona de Luanda não há espaço para realojar as vítimas das demolições. Mesmo assim, envidamos esforços para contactar a administração local e não tivemos sucessos.

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