Paulo de Almeida diz políticos devem ser responsáveis pela condução da política, não podem ser jogadores
Paulo de Almeida entrega a pasta com recados a quem governa, diz sempre serviu o país. Pede descupas pela má interpretação em certas ocasiões.

Na cerimónia de transferência de pastas para o novo comandante-geral da PR, Arnaldo Carlos, Paulo de Almeida, que chefiava a PN desde 2018, lembrando que as vontades pessoaos não se podem sobrepor às responsabilidades.

"As nossas vontades pessoais não se podem sobrepor às nossas responsabilidades e às nossas amizades. Sei que em algum momento fui mal-entendido por querer cumprir e respeitar a lei", disse Paulo de Almeida, depois de lembrar a longa amizade, desde a infância, que o liga ao ministro do Interior, Eugénio Laborinho.

Paulo de Almeida lembrou que pelo disposto na Constituição e na lei, o exercício de direcção e de comando das forças policiais compete ao comandante-geral e que é a ele que compete gerir, seleccionar e dinamizar as várias situações que a corporação enfrenta, deixando depois um recado para os políticos, na presença de Laborinho.

"Os políticos devem ser gestores e responsáveis pela condução da política, não podem ser jogadores, porque o seu angulo de visão torna-se desequilibrado e às vezes tendencioso. O hábito de fiscalizar, orientar a organização e disciplina do jogo impede responsabilidades. Definir o trabalho da Polícia Nacional compete ao comandante-geral", expressou.

O antigo comandante-geral assegurou que sempre foi verdadeiro, sincero e sempre elogiou o trabalho do ministro do interior.

"Fui sempre verdadeiro nas obrigações e na colaboração. Fui bom servidor (...) A Polícia Nacional sempre respeitou o lugar e o papel e dignidade do ministro do interior. Cumpri todas as orientações e determinações emanadas, fui um grande auxiliar seu, na condução e materialização das políticas inerentes ao exercício da segurança pública", afirmou, sublinhando que sempre assumiu bem o seu papel no comando da PN.

"Todos me conhecem, não sou homem de palavras tortas nem enviesadas, quero aproveitar esta oportunidade para manifestar o meu sentimento de um soldado que envergou a farda durante 47 anos e seis meses ininterruptos em prol da independência, da paz e do desenvolvimento do País", disse.

"Nunca trai à Pátria, nunca estive em cima do muro, dei a cara nos momentos difíceis da segurança nacional. Percorri o País de norte a sul, e do oeste a este, (...) sempre coloquei os interesses do País e da Nação à frente dos meus interesses pessoais", acrescentou.

Novo "chefe" assume como prioridade elevar sentimento de segurança

Recorde-se que, aquando da tomada de posse, Arnaldo Manuel Carlos, o novo comandante-geral da PN, assumiu, na passada terça-feira, 18, como principal missão o combate à criminalidade e elevar o sentimento de segurança das populações.

O número um da corporação fez estas declarações depois de ser empossado pelo Presidente da República João Lourenço, no Palácio Presidencial, onde prometeu estabelecer rapidamente prioridades de acção.

"Vamos fazer uma avaliação breve para determinarmos algumas situações e combater o crime e elevar a segurança das populações", perspectivou o novo comandante-geral, que garante ir trabalhar, igualmente, na tranquilidade no período eleitoral para que as eleições decorram sem sobressaltos.

O comissário-geral garantiu que a Polícia Nacional estará "empenhada no sentido de garantir que todos esses actos que constam do calendário político sejam realizados com êxito".

Durante o acto de empossamento o Chefe de Estado recomendou ao novo comandante-geral da PN profissionalismo e competência ao longo da missão.

"Ao conferirmos posse ao comandante geral da Polícia Nacional, confiamos que possa exercer com brio, com profissionalismo, de forma competente, este papel que o despacho de nomeação e agora o acto de posse lhe confere", disse João Lourenço, sublinhando ser responsabilidade do Estado garantir a ordem e tranquilidade públicas.

"Cabe ao Estado a responsabilidade de garantir que os cidadãos exerçam em liberdade os direitos que a Constituição e a lei lhes confere. Mas também cabe ao mesmo Estado a responsabilidade de garantir a ordem pública e a tranquilidade para os mesmos cidadãos. E para isso, concorrem diferentes órgãos, entre os quais a Polícia Nacional", concluiu.

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