Operadores não têm informação técnica do ANGOSAT II
Nas suas intervenções os operadores confirmam que desconhecem a estratégia do Governo em relação ao satélite, o que levanta incertezas, e não acreditam que o impacto do satélite seja profundo para a grande maioria dos angolanos, porque não se conhecem as prioridades do Governo, nem quais os serviços que serão disponibilizados para as empresas de telecomunicações do País. Para já não foram contactados.

Na passada sexta-feira, 2 de Dezembro, em Luanda, o V Fórum Telecom no qual foi promovida uma mesa redonda, juntando empresários e empresas do sector das telecomunicações, que entre os vários assuntos, debateram o impacto do ANGOSAT II no mercado angolano, a redução dos preços das comunicações e a cibersegurança .

Ficou claro durante o debate, que a falta de informações técnicas do satélite e os objectivos prioritários do Estado, obrigam os operadores a apostar na fibra óptica para levar as comunicações móveis a todo o País. Reconhecem a magnitude do ANGOSAT II, mas ainda assim, afirmam ser apenas mais uma peça no xadrez das telecomunicações em Angola.

Nas intervenções os operadores dizem que desconhecem a estratégia do Governo em relação ao satélite, o que levanta incertezas neste sector e não acreditam que o impacto do satélite seja, para já, profundo para a grande maioria dos angolanos, porque não se conhecem as prioridades do Governo e quais os serviços que serão disponibilizados para as empresas de telecomunicações móveis em Angola. É um "aviso à navegação", de que urge a necessidade da entidade gestora do ANGOSAT e criar canais de comunicação com os operadores.

Acrescentaram que não lhe foram apresentados os dossiers técnicos para perceberem de que forma este pode impactar a sua actividade, e do tempo que necessitam para se adaptar a esta nova realidade. Para já afastam a hipótese de haver uma redução dos preços nas telecomunicações e internet em Angola com a entrada em funcionamento do ANGOSAT II, por sinal o primeiro satélite angolano em órbita depois do fracasso do primeiro projecto denominado ANGOSAT I.

Concordam que o espaço de satélite que hoje compram no exterior em moeda estrangeira se for trocado pela compra em kwanzas, será um benefício. Mas sobre preços e condições de fornecimento, por agora desconhecem qual é a estratégia para o satélite angolano. Ao longo das intervenções, que foram para lá de uma hora, com a participação da plateia, os cinco convidados chamaram a atenção para que não se elevem as expectativas com o lançamento do satélite angolano e insistiram na partilha de dados sobre as capacidades do ANGOSAT II para adaptar os vários negócios que desenvolvem no País, um posicionamento transversal de todos os operadores.

Uma coisa é certa, apesar de terem alternativas e muitas delas viáveis, não desvalorizam o projecto ANGOSAT II, mas acreditam que não deve haver entusiasmos, porque há serviços que a rede de cabo de telecomunicações faz e que um satélite não consegue. Todos estão de acordo em ser um meio para se atingir as zonas sem cobertura de sinal de comunicações móveis.

Miguel Geraldes, Ceo da UNITEL, ao abrir as hostilidades (debate), realçou isto mesmo e, apesar de estar aberto ao negócio, sublinha que não é uma ferramenta essencial para a maior operadora de telefonia móvel do País. Entretanto reconhece que quando estiver operacional, poderá permitir algumas oportunidades de negócios para a empresa.

Olha para o futuro do mercado e revela que a UNITEL poderá emigrar alguns serviços baseados em sites muito remotos para o satélite nacional, mas essa será uma decisão a médio prazo. "É relevante em termos de complementaridade", afirma o gestor. Realçou, ainda, que a empresa que dirige tem um mega projecto do lançamento do cabo submarino "TWO Africa", em parceria com o Facebook, que terá uma capacidade de 25 terrabytes, uma emissão muito superior aos 13 gigabytes do satélite. Daí ter argumentado que há serviços que o satélite não oferece e só a rede móvel pode.

Para Glauco Ferreira, director da DSTV-Multichoice, a TV por subscrição pode beneficiar com a entra em operações do ANGOSAT II. E diz que a TV por subscrição tem uma taxa de penetração considerável devido a concorrência entre os três operadores, ZAP, DSTV e TV Cabo. Defende, por outro lado, que o cliente deve estar no centro da revolução digital e acredita que com o ANGOSAT pode haver aumento de usuários de TV e isso vai permitir ampliar o negócio.

A esperança de Glauco Ferreira é de que os serviços de internet em Angola tenham uma maior taxa de penetração para que a TV migre do satélite para o streaming, disponibilizando mais conteúdos. O maior desafio para este negócio continua ser o combate à pirataria, que em especial nos bairros de Luanda tem vindo a ganhar bastante expressão, num desafio que passa também pela postura e acções concretas por parte das forças policiais.

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