O golpe do presidente que mais detesta golpes de Estado em África
O que está a concluir João Lourenço, senão um claro golpe de estado militar? Depois de ele próprio ter arruinado toda a popularidade de 2017/2018, que se quisesse que o acompanhasse até 2022 deixaria, pacificamente, a oposição de rastos nestas eleições?

Para conseguir tal proeza, dividiu a meio o seu partido, entre "marimbondos" e os mais rapidamente convertidos em “lourencistas” de todos os santos; esfacelou as empresas dos primeiros, que ele próprio viu montar, sem dizer uma palavra que se ouvisse, só porque, provavelmente, as suas, obtidas das mesma árvore de patacas, lhe parecerem suficientemente pequenas; depois, atira-se, desalmadamente, sobre o líder da oposição, multiplicando-lhe, paradoxalmente, os créditos que talvez não revelasse tantos, para terminar nisso que será um autêntico inferno,  para ele próprio, nos próximos anos! Já que nós outros e as multidões a disputar comida com cães em contentores, já estamos nesse inferno há muitos anos. 

Nomear Manico para presidente da CNE, forçar Dra Laurinda para presidir o TC, tomar os media de assalto e junca-los daqueles comentadores de cérebros transtornados, anunciar o dia da posse, enquanto ruas são tomadas por militares e polícias especiais; entretanto, juízes que, como sempre acontece quando vão decidir, favoravelmente, sobre altos interesses do "sistema" e sua manutenção, custe o que custar, apresentam-se com as mãos a pingar de molhadas (talvez não seja só isso, juramentos a que Entidade?) são postos a “brincar às  justiças”. Que maior falta de respeito ao povo soberano de Angola! Que mais claro golpe de estado militar tão atroz e cinicamente orquestrado? 

Fui sempre daqueles que negou, categoricamente, que angolanos fossem divididos em genuínos e não genuínos seja sob que critério. Mas agora pergunto se é angolana esta gente, a quem apresentamos, no outro dia, propostas de uma transição necessária e vantajosa para todos e a negaram? Pediram perdão pelos mortos do 27 de Maio e de 1992 e agora? O que farão? Matar de novo? Por não fazerem nem deixar fazer? Esperemos!

Por: Marcolino Moco, ex-primeiro-ministro e militante do MPLA

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