Mulher de 20 anos namora com três homens e acaba por matar um deles a tiro
Moradores da comunidade do Zango, município de Viana, acordaram em estado de choque, no dia primeiro de Agosto. O motivo desse cenário foi a morte, de forma trágica, na noite anterior de um jovem senegalês, identificado por Mamadu Bhá

Mamadu Bhá, 36 anos, tinha saído do Senegal para Angola, na companhia do Irmão, Ibraim Bhá, 44 anos, em 2017. E escolheu o bairro Muxima Umoxi, no Zango, para fixar residência.

Naquele bairro, o jovem, de corpo avantajado e altura média, arrendou uma cantina e desenvolvia a actividade comercial. Para facilitar as correrias por essa Luanda, Mamadu adquiriu uma motorizada.

Nessas andanças da vida, conheceu a jovem Ana Manuel, 20 anos, uma vizinha, com quem passou a se relacionar amorosamente. Solteiro e sem mulher, Mamadu confiou na suposta sinceridade da moça, que ejá era mãe de uma menina.

O que Mamadu não sabia é que Ana, segundo o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC/Luanda), Fernando de Carvalho, tinha um outro namorado, conhecido por Paulino João, 29 anos. O outro parceiro da moça era portador de motorizada já antiga e pretendia, a todo custo, ter uma nova.

Diferente de Mamadu, o jovem Paulino João sabia do outro relacionamento que a namorada tinha. Por isso, ele e a moça planearam roubar a motorizada do senegalês.

Ana Manuel, moça de estatura baixa e pele escura, sabe das vantagens que tem para conseguir materializar a intenção de roubarem a moto, porque sentia que tinha Mamadu na "palma da mão”.

Após terem arquitectato o plano, Ana foi ter à cantina de Mamadu, por volta das 21h50, para pedir que este a levasse à casa de uma tia. O senegalês recusou-se a fazê-lo por ter vários clientes por atender e não podia fechar o espaço comercial.

Ana insistiu e convenceu o namorado, com lágrimas, simulando que estava muito aflita com a situação que se vivia na tia. Em função disso, o senegalês encerrou a cantina, para levar Ana à casa dos seus familiares.

A astúcia de Ana

A caminho, num ponto combinado entre Ana e Paulino, a moça pediu para Mamadu parar a motorizada, alegando que queria urinar. Entrou num quintal, onde encontrou o namorado e um amigo a empunhar uma arma de fogo do tipo AKM.

Ana não tinha planeado a morte de Mamadu. A ideia inicial era só roubar a moto. Mas, quando tentava impedir os comparsas de atacar mortalmente o senegalês, Paulino e o amigo avançam para fora do quintal, para executar o plano.

Mamadu Bhá, por ter o porte forte, sentiu-se em condições para resistir ao roubo e enfrentou os dois bandidos, mesmo vendo-os armados.

Durante a briga, em que Mamadu levava alguma vantagem, um dos meliantes disparou contra a região da barriga do senegalês, tendo este morte imediata.

A hora do arrependimento

Com os olhos banhados em lágrimas, Ana Manuel diz estar arrependida por tudo o que fez. Confessa que não dorme em condições, nem pára de tremer sempre que pensa em Mamadu Bhá.

"Nunca tinha sido presa e tenho uma filha menor para cuidar. Estou desiludida comigo mesma”, disse, para acrescentar que o combinado era apenas para tomar a motorizada e não tirarem a vida da vítima.

Ana Manuel explicou ao Jornal de Angola que a ideia de roubar a motorizada de Mamadu Bhá foi do namorado Paulino, que insistia neste assunto, ao garantir que se venderia o meio rolante e, depois, ela seria compensada com 50 mil kwanzas.

"O meu namorado quis sempre uma moto nova, porque a que tem é antiga. Eu tinha mais intimidade com o estrangeiro e como ele me metia coisas na cabeça, acabei por aceitar a ideia dele, mas nunca pensamos em matar o Mamadu”, confessa a moça, já detida.

Irmão da vítima pede justiça

Ibraim Bhá, irmão de Mamadu Bhá, levou tempo para informar a desgraça aos familiares no Senegal, mas teve de fazê-lo. Visivelmente constrangido, lamentou o ocorrido com o parente, que considera ter sido alguém amigo à moça que o atraiu para a morte!

"Não sabia que o meu irmão namorava com a mandante, mas sempre os vi juntos. Ela estava constantemente na cantina com a filha”, disse Ibraim Bhá, que clama por justiça.

O porta-voz do SIC, Fernando de Carvalho, explicou que o processo-crime corre os trâmites legais, estando as forças da Ordem no encalço do outro jovem envolvido no caso, por se encontrar em fuga.

  Origens das armas de fogo

Os crimes praticados com recursos a armas de fogo e branca estão na ordem do dia, fundamentalmente, em Luanda, segundo dados da Polícia Nacional.

Semanalmente, os balanços da corporação indicam sempre a apreensão de dezenas de armas de fogo recolhidas das mãos de meliantes.

E a morte de Mamadu Bhá, vítima de um tiro de AKM disparado por um suposto meliante leva as forças policiais a redobrar os mecanismos de segurança das armas de fogo, disse Fernando Carvalho.

Aliás, o porta-voz do SIC afirmou que algumas armas de fogo em mãos de meliantes são recebidas aos efectivos de empresas privadas de segurança.

O superintendente-chefe Fernando de Carvalho foi mais longe, ao acusar os seguranças de empresas privadas de serem, também, eles os que alugam as armas aos meliantes, para, depois, partilharem os resultados das acções criminais.

"Sabemos que há meliantes que conseguem as armas, desarmando os próprios seguranças, tendo em conta que uns não têm qualquer preparo militar, e outros compram as armas de fogo a outros jovens”, disse o responsável do SIC.

O ex-comandante geral, Paulo de Almeida, havia admitido a possibilidade de algumas armas de fogo saírem de alguns efectivos das Forças Armadas e Polícia Nacional.

Contactado sobre as possíveis origens das armas, o director de Segurança Pública e Operações da Polícia Nacional, Orlando Bernardo, remeteu o caso ao SIC e aos especialistas da Direcção de Ilícitos Penais.

No ano passado, a Polícia Nacional lançou um programa que visava a troca de armas de guerra por armas pessoais por parte das empresas privadas de segurança, mas dessa proposta nunca se viu ainda resultados.

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