Militares e polícias ainda são os que mais fogem à paternidade
Estatística do Instituto Nacional da Criança continua a colocar militares e polícias entre os principais acusados de fuga à paternidade, com uma média de cinco mil denúncias por ano.

Militares e agentes da Polícia Nacional continuam a liderar a estatística de fuga à paternidade, com um registo de mais de 10 mil casos em menos de dois anos, revela um relatório do Instituto Nacional da Criança (INAC), baseado nos dados recolhidos através da SOS - Criança, uma linha de apoio para denúncia de casos de violação dos direitos dos menores.

De acordo com os dados do INAC, de Junho de 2020 a Maio do presente ano, registaram-se 79.577 denúncias de casos de fuga à paternidade, num universo de 220.157 queixas.

As estatísticas da instituição, apresentadas pelo chefe do Departamento de Violência e Protecção dos Direitos da Criança, Bruno Pedro, apontam ainda que, do número total de casos de fuga à paternidade, a incidência de crianças vítimas recai para menores do sexo masculino, com 40 186 casos, contra os 39 391 do sexo feminino.

Entre os principais autores da fuga à paternidade, segundo o INAC, os efectivos da Polícia Nacional (4.929 casos) e das Forças Armadas Angolanas (4.413) continuam no topo da estatística dos denunciados. Bruno Pedro, que abordou as formas de abuso contra as crianças em Angola, durante uma mesa redonda realizada esta semana em Luanda, admite que os números possam ser piores, uma vez que no País ainda falta cultura de denúncia por parte dos lesados.

Segundo o técnico do INAC, a maior parte dos indivíduos que fogem das responsabilidades são pessoas letradas que entendem sobre leis. "Estamos a falar de juristas, advogados, funcionários públicos, militares, efectivos da ordem, médicos, professores, entre outros. Os números são tão altos que fazem que tenhamos a consciência de trabalharmos na prevenção e no combate. É muito adulto a fugir das suas responsabilidades. Que sociedade se quer construir?", questiona.

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