Jornalistas manifestam amanhã contra a perseguição da classe - Tristes e revoltados
Na história de Angola pela primeira vez os jornalistas saem as ruas de Luanda em protesto as ameaças e perseguições. A jornalista e presente da Comissão da Carteira e Ética, Luisa Rogério, diz o sentimento é de revolta e tristeza.

"O meu sentimento é de repreensão, de tristeza, muita tristeza, revolta e indignação, como não podia deixar de ser, porque eu sou membro do Sindicato dos Jornalistas, e, mesmo que não fosse, iria prestar solidariedade ao SJA. Sou membro orgulhosamente, como gosto de dizer. Sinto que tudo isso que está acontecer é uma tentativa de inibir a actuação do SJA, são recados claros, que configuram, obviamente, ameaças por causa do posicionamento do líder, e que toda esta acção visa fazer uma chamada de atenção. É quase uma repreensão - não vou dizer velada porque é explícita - para que o SJA talvez se reposicione, com muitas aspas, relativamente àquilo que tem sido a sua postura, que eu considero absolutamente irrepreensível em termos de defesa dos interesses da classe", disse Luisa Rogério.

Acrescenta que tem sentido muito equilíbrio por parte do senhor Teixeira Cândido. Poderia, muitas vezes, tomar posições extremas, mas não o fez, como foi no caso do jornalista de Benguela [José Honório, brutalmente agredido pela Polícia Nacional]. Tem preferido negociar. "O SJA sempre manteve as portas abertas com as instituições. Ainda recentemente, houve um encontro com o comandante-geral da Polícia Nacional, com o ministro do Interior e com outras entidades afectas ao Ministério do Interior. Estamos a falar de segurança dos jornalistas, quando se atenta, como aconteceu agora, contra a segurança do líder, contra o SJA, que é a maior organização da classe."

Questionada se o quadro actual no exercício do jornalismo é ameaçador, respondeu:

"Atingimos o expoente máximo de insegurança em termos do exercício da profissão, portanto é um alerta nacional. Penso que devemos é lançar um alerta internacional, porque, realmente, o que está a acontecer aqui é um sinal claro de que o exercício da profissão em Angola é cada vez mais perigoso. Não gostaria de que nós entrássemos para as estatísticas, visto que, mundialmente, nove em cada crime cometidos contra jornalistas continuam impunes. Mesmo internamente, não só falo do caso Ricardo de Melo, mas há outros crimes e crimes contra jornalistas que até hoje são impunes. Quando estou a falar de crime, não só falo daqueles que resultam em morte, mas também de crimes como ameaças, agressões físicas e verbais. Por conseguinte, há todo um conjunto de situações que visam não mais do que colocar a classe entre a "espada e a parede". Ou se posicionam ou então vão ver o que vai acontecer, porque o que está a acontecer com o SJA, com Teixeira Cândido, as mensagens que ele recebeu são esclarecedoras, e o Teixeira Cândido teve o bom senso de mostrar apenas uma mensagem, mas foram várias... E como ele mesmo diz: "O único consolo é saber que ninguém nesta vida vai sair vivo, todos nós vamos morrer um dia".

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