Inflação homóloga cai para 23,0% e atinge mínimos dos últimos dois anos
Apesar da política monetária restritiva do BNA nos últimos anos, especialistas apontam o aumento da oferta, que resulta da apreciação do kwanza e da subida das divisas para importação, como a causa para a desaceleração da inflação. Afinal, o problema era falta de produtos e não de dinheiro a mais a circular.

A inflação homóloga desacelerou em Junho pelo quinto mês consecutivo, fixando-se nos 22,96%, e atingiu o nível mais baixo dos últimos dois anos, ou seja, é preciso recuar a Junho de 2020 para encontrar uma taxa de inflação anual tão baixa, indicam os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Em termos da inflação homóloga registou-se um decréscimo de 1,46 pontos percentuais (pp) em relação ao mesmo mês do ano passado, o que a manter-se nesta tendência de desaceleração da inflação indicia que poderá ser cumprida a meta de 18,0% estabelecida pelo Governo no Orçamento Geral do Estado para 2022.

Ainda assim longe daquela que foi a última vez que a taxa de inflação homóloga (que compara os preços do mês de um determinado ano com o mesmo mês do ano anterior) se fixou abaixo de um dígito, em Junho de 2015, praticamente o período em que a economia começou a sofrer com os choques da crise financeira e económica resultante da queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Desde aí não parou de aumentar "furando" sucessivas vezes todas as metas que o Governo vinha estabelecendo.

Num país que continua a importar uma boa parte da alimentação que a população consome, a classe "alimentação e bebidas não alcoólicas" foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços em Junho, seguida das classes "bens e serviços diversos", "mobiliário, equipamento doméstico e manutenção", "vestuário e calçado" e "saúde".

Contas feitas, a taxa de inflação homóloga está em mínimos de 23 meses, sendo necessário recuar a Julho de 2020 para encontrar um aumento de preços anual tão baixo. Com base nos dados do INE, especialistas avançam que o ritmo de crescimento de preços está a registar uma curva descendente qualquer que seja a métrica utilizada. Em Junho último, a taxa acumulada que mede o aumento dos preços nos primeiros seis meses do ano bateu nos 8,5%, abaixo dos 12,1% verificados em Junho de 2021 e nos 11,9% do sexto mês de 2020. Ainda assim, está acima dos 6,7% de inflação acumulada verificada em Junho de 2019.

Já em termos mensais, entre Maio e Junho os preços no consumidor nacional aumentaram 0,8%, mínimo dos últimos sete anos (86 meses). É preciso recuar a Abril de 2015 para encontrar um aumento de preços mensal abaixo deste valor.

Inflação em Luanda

O custo de vida na província de Luanda registou uma variação de 0,76% de Maio a Junho, representando uma desaceleração de 0,02 pp face ao mesmo período do ano passado. Em termos homólogos desacelerou de 25,1% para 23,3%. O INE indica que, para Luanda, a classe "bebidas alcoólicas e tabaco" foi a que registou o maior aumento de preços com 2,4%. Destacando-se também os aumentos dos preços verificados nas classes "saúde" com 2,1%, "vestuário e calçado" com 1,5%, "mobiliário, equipamento doméstico e manutenção" com 1,3%.

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