Empresários e gestores do sector da construção pessimistas há 10 anos
O relatório sobre o Clima Económico, que mede o Índice de Confiança de sete sectores de actividade, revela que há cada vez mais confiança no empresariado nacional no desenvolvimento da economia no curto prazo. No turismo, verificou-se um "boom" de confiança, mas na construção os dias são ainda cinzentos.

Há 10 anos, ou 40 trimestres consecutivos, que a confiança dos empresários do sector da construção está em terreno negativo, de acordo com o relatório sobre a Conjuntura Económica, divulgado esta semana pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE). O relatório sobre o Clima Económico (ICE), que mede o Índice de Confiança (IC) de sete sectores de actividade, nomeadamente Indústria Transformadora, Construção, Comércio, Transportes, Indústria Extractiva, Turismo e Comunicação, volta a apresentar o sector da construção como aquele em que reina o pessimismo no seio de empresários e gestores. Aliás, entre os sete sectores, este é o único onde a opinião de empresários e gestores dos sectores sobre as perspectivas de desempenho do respectivo ramo de actividade no curto prazo é pessimista.

Neste sector, onde foram inquiridas 104 empresas, o pessimismo até estava a diminuir há sete trimestres consecutivos, no entanto, voltou a subir no II trimestre de 2022 com os empresários a apontarem como os principais constrangimentos do sector, no período em referência, a "pouca procura e a falta de materiais", mas também a "deterioração das perspectivas de venda e o nível elevado da taxa de juros", de acordo com o relatório.

Se no sector da construção impera o pessimismo, no sector do turismo dá-se precisamente o contrário, ou seja, os empresários e gestores de 216 empresas estão cada vez mais confiantes. Este é o sector onde há mais confiança, tendo batido o valor mais alto desde que a confiança no sector é medida pelo INE, desde 2021, segundo o relatório. Terá sido o efeito da pré-campanha e da campanha eleitoral que levou os militantes de vários partidos a percorrer o país e a pernoitar nas unidades hoteleiras.

No entanto, alguns especialistas admitem que a confiança apresentada no relatório deverá voltar a cair nos próximos tempos, já que este sector tem sido profundamente afectado pela crise do país - com o afundanço do poder de compra dos angolanos e a saída de expatriados - e pela pandemia da Covid-19. O sector esteve pessimista 27 trimestres consecutivos, entre o II trimestre de 2015 e o IV de 2021. De acordo com o relatório, menos empresas deste sector registaram constrangimentos em relação ao segundo trimestre de 2021 mas, ainda assim, a insuficiência da procura e as dificuldades financeiras foram as principais limitações apontadas pelos empresários, que também se queixaram dos preços de venda demasiado elevados e do excesso de burocracia.

Já o sector da comunicação era, tradicionalmente, aquele onde reinava mais confiança entre os sete sectores medidos pelo ICE. Depois do "boom" de confiança no turismo, passou para o segundo lugar. Apesar de as limitações das 9 empresas inquiridas neste trimestre terem diminuído significativamente relativamente ao período homólogo, na opinião dos empresários, as dificuldades financeiras foram os principais obstáculos no desenvolvimento normal das actividades das empresas da comunicação no decorrer do segundo trimestre de 2022. Constatou-se ainda que a pouca procura, o nível elevado das taxas de juros, bem como o excesso de burocracia e de regulamentações estatais também dificultaram as actividades das empresas do sector.

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