O ex-banqueiro que estava fugido à justiça portuguesa desde Setembro foi apanhado esta manhã na África do Sul, onde entrou no dia 18 desse mesmo mês. Luís Neves, director nacional da Polícia Judiciária (PJ) portuguesa, agradeceu a Arnaldo Manuel Carlos, o comissário-chefe do Serviço de Investigação Criminal angolano, a colaboração, na conferência de imprensa em que deu conta dos detalhes de toda a operação.

A África do Sul não tem acordo de extradição com Portugal, mas há acordos de cooperação entre os dois Estados que permitem que Rendeiro venha a ser extraditado para cumprir pena, e isso mesmo sublinhou, também esta manhã, o director nacional da PJ portuguesa, Luís Neves.

João Rendeiro estaria a viver em Joanesburgo, em circulação entre hóteis de cinco estrelas, mas foi detido em local não especificado, algures entre Pretória e Joanesburgo, de acordo com as informação iniciais. Entretanto, a CNN Portugal adiantou que João Rendeiro foi detido na Cidade do Cabo.

O ex-presidente do BPP (Banco Privado Português), João Rendeiro, que escapou às autoridades portuguesas em 12 de Setembro através de viagem para Londres, de onde saiu no dia 14 de Setembro, acabou por ser detido na África do Sul, país onde entrou no dia 18 desse mês. As autoridades portuguesas assumem agora que seguiam o rasto do ex-banqueiro há já algum tempo, e para isso contaram com a colaboração, além das autoridades policiais sul-africanas, do SIC angolano.

João Rendeiro ao regressar a Portugal terá de cumprir penas pelos crimes de burla e falsificação a que já foi condenado, mas cujos processos ainda não tinham transitado em julgado o que permitia ao ex-banqueiro uma relativa liberdade enquanto aguardava recurso.

João Rendeiro estava condenado por 16 crimes em três processos ligados ao colapso do BPP. No final de novembro, deu uma entrevista à CNN Portugal, sem revelar onde estava, para garantir que só voltaria ao país se fosse ilibado ou indultado pelo Presidente da República, que logo na altura disse que não seria possível também porque os prazos tinham ultrapassados.

Rendeiro saiu do BPP em 2008, por afastamento determinado pelo Banco de Portugal, e nos anos seguintes começou a ser alvo de acusações judiciais e dos supervisores, tendo sido condenado a penas de 10, 5 e 3 anos e meio de prisão. Findos todos os recursos, uma das penas, de 5 anos, transitou em julgado, mas o ex-banqueiro conseguiu fugir em Setembro antes de ser detido para cumprir pena.

Na altura, quando estava apenas com Termo de Identidade e Residência, informou a justiça portuguesa que iria passar uns dias de férias em Londres e acabou foragido na África do Sul, entretanto dispôs de meios e de tecnologia altamente especializada, seja como for, a PJ portuguesa estava atenta bem como as suas congéneres sul-africana e angolana estavam atentas a todos os movimentos do ex-banqueiro português.