Rede multicaixa com 251 fraudes registadas por mês em 2022
Empresa gestora da rede Multicaixa prepara-se para introduzir novas medidas de segurança para melhorar o sistema. Mas os clientes e utilizadores das novas plataformas queixam-se da insegurança, das falsas promessas e do assédio constante nas redes sociais.

A crescente digitalização da economia nacional e internacional está a promover uma mudança acelerada no sistema de pagamentos. Em Angola, como noutros países, esta transformação tem promovido inovações importantes que facilitam a vida das empresas e das famílias. O lado obscuro desta realidade está associado às burlas e crimes que são praticados diariamente. Segundo a EMIS, até Abril de 2022 foram registas 1.005 denúncias, o que dá uma média de 251 por mês, um valor superior à média de 179 queixas mensais recebidas no ano passado. O número de queixas registadas em 2022 já representa 47% do total de denúncias em 2021.

No entanto, estas representam apenas uma pequena parte de uma realidade que ainda está por estudar. De acordo com a gestora do sistema de pagamentos (que inclui serviços como Multicaixa e Multicaixa Express, por exemplo), a Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), em 2021 foi registado um total de 2.147 queixas. Nos primeiros quatro meses do ano, a mesma entidade já recebeu 1.005 reclamações.

Mesmo assim, tendo em conta que estavam em circulação, até Abril, mais de 6,7 milhões de cartões Multicaixa, o número de fraudes registadas representa uma incidência de apenas 0,0005%. O número de reclamações regista ainda um forte aumento ao nível do sub-sistema Multicaixa Express, que disparou de apenas 14 reclamações oficiais, em 2020, para 447 no ano passado. Até Abril de 2022, a EMIS já recebeu 62 reclamações específicas sobre este serviço.

"Em geral, os incidentes estão ligados à baixa literacia digital das pessoas", explica Duano Silva, administrador executivo da EMIS. "É um problema do País, parece assente que os angolanos usam o que há de melhor em termos de tecnologia mas tiram pouco partido das suas valências, limitando-se à utilização mínima. É preciso notar que a literacia digital não é o mesmo que a instrução académica das pessoas. Muitas das burlas ocorrem sobre pessoas com alta instrução académica, que não cumprem a mais básica recomendação de segurança - não partilhar códigos e PIN"s", sublinha o gestor.

Para além da literacia digital, também a baixa literacia financeira dos angolanos em geral abre a porta a roubos e fraudes no sistema de pagamentos. Por isso, a instrução digital e financeira é importante para aumentar a segurança dos utilizadores. "Nós temos a responsabilidade de tornar os canais e os instrumentos mais seguros", assegura Duano Silva. Enquanto o dinheiro físico (moedas e notas) é cada vez menos utilizado, os cartões de débito e crédito, bem como as diferentes aplicações baseadas em tecnologia (como o Multicaixa Express, dinheiro móvel ou os serviços de banca digital), têm uma utilização cada vez mais alargada.

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