Produção petrolífera cai 8% no I Semestre e afunda receita fiscal
Em Março foram apenas produzidos 969 mil barris de petróleo/ dia, longe dos 1,180 milhões previstos no OGE 2023. Manutenções programadas e não programadas, juntamente com o declínio da produção, pressionaram as receitas fiscais e a taxa de câmbio do Kwanza e atiraram o País para uma crise.

A produção petrolífera de Angola caiu 8% para 193,9 milhões de barris de petróleo no I semestre de 2023 face ao mesmo período do ano passado, o que contribuiu para a queda das exportações e consequente afundanço na captação de receitas fiscais com a venda de petróleo, de acordo com cálculos com base nos dados publicados pela Agência Nacional de Produção de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e pelo Ministério das Finanças.

Contas feitas, esta queda na produção este ano fez com que a exportação do "ouro negro" diminuísse 17,7 milhões de barris, ao passar de 209,5 milhões de barris no I semestre de 2022 para 191,8 milhões. Ao todo, o Estado recebeu com a exportação de petróleo um total de 2,9 biliões Kz no em receitas fiscais no I semestre, o que representa uma queda de 31% face aos quase 4,2 biliões Kz no período homólogo, o que estará na base para o problema de tesouraria que se instalou no País (ver página 2). Esta redução deve-se não só à descida do preço médio de venda de 99,4 USD por barril para 78,4 USD, mas principalmente ao factor de descida da produção.

De acordo com cálculos do Expansão trata-se do segundo valor mais baixo de produção num I semestre desde 2020, data em que a concessionária nacional começou a publicar no seu site um resumo sobre a produção nacional de cada mês (ver gráficos).

Na origem desta queda de produção está não só o declínio natural da produção (poços envelheceram) mas também a paragem de produção programada para os principais blocos do País, que resultou também na média mais baixa de produção mensal, pelo menos, dos últimos 20 anos, quando em Março foram produzidos em média 969 mil barris/dia, longe dos 1,180 milhões de barris diários previstos no OGE 2023.

E a culpa foi da manutenção programada já que o FPSO Dália, localizado no Bloco 17, que dá ao operador a TotalEnergies o estatuto de maior operador do País, parou para manutenção, reduzindo os níveis de produção no bloco campeão em produção petrolífera no País. Já no Bloco 14, operado pelos norte-americanos da Chevron, também houve paragens e queda de produção por algumas semanas e o problema apenas foi resolvido no início do mês de Abril. Este bloco tem uma produção diária.

Mas se estas manutenções programadas fizeram cair a produção, o mesmo aconteceu com as manutenções não programadas como aconteceu no FPSO Mondo, localizado no Bloco 15, operado pelos americanos da EXXON Mobil, que teve dificuldades desde Dezembro de 2022 e que apenas foram superadas quase em finais de Abril.

Face ao retomar das operações nestes blocos, em Abril a produção voltou a superar a barreira de um milhão de barris de petróleo por dia. Muito contribuiu o regresso da produção do FPSO Dália, que garantia mais de 120.000 barris de petróleo diários. O Dália está localizado no maior bloco em produção no País, o Bloco 17, operado pela TotalEnergies, de onde sai à volta de um terço da produção petrolífera angolana.

Em queda após abertura das válvulas ao máximo

Com excepção de 2021, tem sido tendência a produção disparar no primeiro semestre e desacelerar no semestre seguinte. Em 2022, o preço médio de exportação de petróleo angolano cifrou-se acima de 100 USD por barril.

O preço alto levou o Executivo a incentivar um nível elevado dos níveis de produção e a abrir as válvulas de produção ao máximo, o que levou à exaustão os equipamentos, que no início deste ano tiveram que sofrer manutenção programada e outros foram paralisando já que estavam a produzir acima do habitual. De acordo com os dados publicados pela ANPG, em termos absolutos em 2022 a produção petrolífera cresceu quase 8% para 415,5 milhões de barris de petróleo, quando no ano anterior a produção do País se cifrou em 383,5 milhões.

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