Procura excedeu a oferta com 1.460 investidores a conseguirem obrigações
De acordo com o resultado da oferta houve um rateio de 89,31%, ou seja por cada 100 obrigações procuradas só foi possível subscrever 89. Mais de 200 investidores deixaram tudo para o fim e não conseguiram subscrever.

A procura pelas obrigações da Sonangol excederam a oferta em 12% já que 1.460 investidores deram ordens de subscrição válidas no valor de 83,9 mil milhões Kz, superior aos 75 mil milhões Kz emitidos pela petrolífera estatal com o propósito de pagar dívidas aos fornecedores locais em moeda nacional.

De acordo com o resultado da oferta, publicado pela Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) houve um rateio de 89,31%, ou seja, por cada 100 obrigações procuradas só foi possível subscrever 89.

Especialistas consideram que esta emissão de obrigações da Sonangol foi um sucesso, expectável até, já que a totalidade das 7,5 milhões de unidades disponibilizadas pela Sonangol foram absorvidas pelo Mercado.

A justificar esta procura elevada pelas obrigações corporativas da Sonangol, as terceiras obrigações empresariais a chegar ao mercado angolano, está o facto de a Sonangol estar a pagar uma taxa de 17,5% sobre o valor investido, superior aos juros de 15,0% oferecidos pelo Estado nos títulos de dívida pública para a mesma maturidade de cinco anos.

Fonte da petrolífera clarifica que a empresa pretende diversificar as fontes de financiamento para além do crédito às instituições bancárias internacionais, de onde "saca" anualmente montantes que variam entre 1,5 mil milhões USD a 2 mil milhões USD.

Esta primeira emissão trata-se de um teste ao mercado para perceber se de facto pela forma de pagamento dos juros que ocorrem de seis em seis meses poderá efectivamente resultar num alívio à tesouraria da Sonangol. Fonte da Sonangol revelou ao Expansão que, a verificar-se esse alívio, a petrolífera vai orientar a preparação da emissão das obrigações Sonangol 2024. "A estratégia poderá passar por a Sonangol emitir títulos todos os anos caso esta forma de financiamento se revele menos onerosa e mais vantajosa para a gestão da tesouraria da petrolífera em relação ao tradicional crédito bancário", rematou a fonte.

Um banqueiro ouvido pelo Expansão e que pediu anonimato admite que a Sonangol teria feito um melhor negócio na banca, já que a taxa média para crédito acima de 1 ano está nos 13%, muito abaixo dos 17,5% que a petrolífera vai pagar anualmente por esta emissão. "Seria mais vantajoso a petrolífera recorrer a crédito bancário, que os bancos da praça teriam muito gosto em emprestar-lhe o dinheiro com um custo mais baixo", sustenta.

Fonte da Sonangol discorda que tenha sido um mau negócio para a petrolífera porque os juros da banca são pagos todos os meses enquanto os juros obrigacionistas são pagos apenas de seis em seis meses, o que "ajuda" a empresa a "gerir melhor a sua tesouraria".

Investidores satisfeitos

Quem está satisfeito são os investidores que conseguiram concretizar a operação, uma vez que garantiram aquela que é, até à data, a melhor taxa de juro do mercado, superando os depósitos a prazo e os títulos de dívida pública no mercado primário. Melhor que isso só no mercado secundário, pois existem títulos com taxas entre os 21% e os 25% emitidos em anos anteriores, mas que os investidores não abrem mão e por isso não há oferta.

Segundo o investidor Celso Paulo, uma das vantagens das obrigações da Sonangol é que elas foram vendidas ao par, ou seja 10 obrigações custaram 100 mil Kz e a cada 100 mil kz o investidor tem um rendimento bruto de 17.500 Kz ao ano. Ao passo que o Estado, para títulos com a mesma maturidade até oferece 15%, mas está a vender cada unidade de 100.000 Kz a 102.000 Kz (prémio de 2%), o que prejudica a rentabilidade já que aos 2% acima do valor facial tem que ser descontado a taxa de cupão. "Isto torna a rentabilidade bruta inferior aos 15%, ou seja, cai para 13%", refere.

Mas nem todos investidores estão satisfeitos, já que mais de 200 investidores solicitaram a abertura de contas custódia no último dia (terça-feira) e por isso não foi possível assegurar a sua ordem de compra a tempo. Houve mesmo, segundo alguns intermediários financeiros contactados pelo Expansão, quem cometeu erros na subscrição ou não tinha dinheiro suficiente na conta. As distribuidoras ainda alertaram estes clientes só que o boletim de subscrição corrigido chegou depois das 15:00 do dia 12 de Setembro, data de fecho do período de subscrição.

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