Preços no informal aumentam 22% desde início da desvalorização cambial
Moeda nacional já desvalorizou 40% face ao dólar e euro, e os preços dos alimentos têm acompanhado esta evolução que levou a uma grande perda do poder de compra das famílias. Com a quadra festiva à espreita, preços já subiram 22% no formal e 3% no informal em Novembro e espera-se que continuem a subir.

Desde o início da desvalorização cambial em Maio deste ano, os preços de alguns produtos da cesta básica no mercado informal aumentaram em média 22%, apurou o Expansão com base na comparação dos preços levantados em 19 de Maio e 21 de Novembro. Estes dados contrariam as informações do Instituto Nacional de Estatística (INE) que aponta para um crescimento de apenas 11% nos preços (apesar de incluírem outras variáveis, além da alimentação que nem é a que mais cresceu).

Passados seis meses desde o início da desvalorização cambial, a moeda nacional já desvalorizou cerca de 40% face ao dólar e ao euro, e os preços dos produtos alimentares têm acompanhado esta evolução que levou a uma grande perda do poder de compra das famílias.

Durante o período em análise, os preços foram oscilando em função do comportamento da taxa de câmbio, que influência directamente os preços, principalmente dos produtos importados. Por exemplo, de Julho a Agosto verificou-se um abrandamento no crescimento dos preços e até uma redução em alguns produtos, justificada pela estabilização cambial durante o mês de Julho. Por outro lado, existe também o factor especulação de preços que leva a aumentos exagerados. De Agosto a Setembro, mesmo com a estagnação da taxa de câmbio que se arrastava por um período de mais ou menos dois meses, os preços continuaram a registar aumentos mesmo que ligeiros e com casos de diminuição em alguns produtos.

Dos produtos seleccionados no levantamento realizado nos mercados do Asa Branca e Catinton, desde Maio, o preço do açúcar com aumentos contínuos ao longo dos seis meses foi o que verificou o maior aumento com uma média de 137%. Já a batata rena foi dos poucos que viu o preço baixar, mas, segundo foi constatado no local, com o monte consideravelmente reduzido, como acontece com muitos produtos que mantiveram os preços mas as quantidades reduziram significativamente (ver tabela).

Preços do óleo e açúcar preocupam famílias

Francisco, chefe de família, durante a reportagem realizada no mercado do Catinton, reclamou imediatamente dos preços do óleo e do açúcar que, segundo conta, "estão a ser medidos em colheres de sopa". "Não percebo o motivo, mas é um facto que o açúcar e óleo são os alimentos mais raros actualmente e o que preocupa o povo é que são bens que não podemos substituir. Precisamos para o consumo diário", lamentou.

Já Helena, dona de casa, relatou que os preços estão, a cada dia, mais sufocantes. Contou que o peixe ou o frango são alimentos que já não constam na dieta da sua família, porque não os consegue comprar. Durante o mês, com a renda disponível, consegue adquirir um saco de fuba que garante o funge. Para acompanhar, refugia-se nas verduras e noutros alimentos mais acessíveis nos mercados. Com as outras despesas, como a educação dos filhos, luz, água e outros, está muito difícil gerir as contas, desabafou.

A mulher referiu ainda que os preços do açúcar e do óleo estão assustadores e teme que venham a aumentar muito mais com a chegada do Natal. "Não sei se começo já a comprar algumas coisas para guardar em casa, se agora está assim não sei se consigo aguentar a subida dos preços na quadra festiva", confessou.

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