Por culpa do BPC  banca afundou 237% dos resultados líquidos
O estudo é da Deloitte Angola.

O estudo "Banca em Análise" da Deloitte Angola, que incidiu sobre 26 bancos do sistema financeiro angolano, em 2020, revela perdas acumuladas do sector na ordem dos 166 mil milhões Kz, o que traduz um "afundanço" de 237% nos resultados líquidos da banca, face a 2019, sendo que para a história vai ficar o maior prejuízo de sempre, atingido pelo público BPC, com 525 mil milhões de kwanzas.

Para esta situação muito contribuiu a cessão de 80% da carteira de crédito malparado (951 mil milhões Kz) do Banco de Poupança e Crédito à RECREDIT, empresa estatal criada para o efeito, uma espécie de "banco mau", em Março de 2020.

O estudo, divulgado esta terça-feira, revela no entanto um aumento total dos activos (cerca de 19%) e do crédito líquido concedido a clientes (cerca de 10% em 2020), mas ao nível do resultado líquido verificou-se um prejuízo agregado, em larga medida devido à menos-valia que representou esta cessão da carteira de malparado do BPC.

Recorde-se que em Maio, o presidente do conselho de administração da RECREDIT, Walter Barros, divulgou que a instituição tinha recuperado 7,8 mil milhões Kz do malparado do BPC em apenas 12 meses e que contava resgatar dos devedores 19 mil milhões Kz este ano.

A Deloitte revela ainda que caso o BPC não fosse considerado, o resultado líquido agregado dos bancos analisados registaria um decréscimo de 32% face a 2019.

De acordo com as demonstrações financeiras dos 26 bancos analisados - de fora ficou o Banco Económico que à data do estudo não tinha as contas do exercício de 2020 -, as dotações líquidas de perdas por imparidade registaram uma reversão significativa face a 2019, tendo em 2020 atingido o montante de -67 mil milhões Kz, comparativamente aos 433 mil milhões Kz em 2019.

Em termos de crédito líquido, ascendeu a 2,9 milhões Kz, o que corresponde a um aumento de cerca de 10% face a 2019, invertendo a tendência que se verificou em 2018 e 2019.

O relatório compara a evolução do crédito líquido concedido pelos bancos, que apresentou uma redução acumulada de aproximadamente 18% de 2016 a 2019, justificada pela implementação das medidas definidas no âmbito do programa de Avaliação da Qualidade de Ativos (AQA) levado a cabo em 2019 e da existência de políticas mais rigorosas de concessão de crédito.

A tendência decrescente verificada inverteu-se em 2020, resultado das medidas para estimular o financiamento adoptadas pelo Executivo, bem como a depreciação do Kwanza.

Dados do estudo revelam ainda que o indicador de crescimento relativo aos Depósitos de Clientes apresentou um valor de 21%, superior em 8% ao verificado em 2019.

No que respeita à margem financeira, este indicador apresentou um aumento de 37% comparativamente a 2019, sendo que o produto bancário e o resultado líquido do exercício apresentaram decréscimos significativos de 55% e 237%, respetivamente, face a 2019.

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