Polícias brasileiros que balearam angolano e mataram a sua mulher ainda não sentiram peso da justiça
O governo brasileiro vai indemnizar o cidadão angolano Gilberto Andrade de Casta Almeida, de 29 anos, que, em Maio de 2020, foi baleado com vários tiros na perna após ser confundido com um marginal em Porto Alegre. A sua companheira não resistiu aos ferimentos dos tiros e morreu.

Gilberto Andrade de Casta Almeida, que agora vive em Portugal e vai receber o equivalente a 22 mil dólares de indeminização, diz não estar ainda totalmente recuperado dos ferimentoos provocados pelos tiros de que foi alvo pela polícia brasileira.

O angolano considera insuficiente o valor que o governo dará como compensação dos danos causados pela polícia.

Em declarações à Rádio Nacional de Angola (RNA), Gilberto Andrade de Casta Almeida disse que sofre de sequelas e que continua a fazer fisioterapia em Portugal.

"Ainda não estou recuperado a 100 por cento. Alguns movimentos ao nível do joelho não consigo fazer ainda e faço fisioterapia", explicou o jovem angolano.

Ana Konrath, advogada que representou as vítimas no processo, disse que Gilberto Andrade de Casta Almeida foi tratado como marginal pela polícia e que até agora sofre de sequelas.

A advogada considera que a indemnização destinada à família da ex-companheira de Gilberto Andrade insuficiente.

Conforme a advogada, a família vai recorrer da decisão na Justiça e pede a responsabilização dos implicados, que segundo explica, continuam em liberdade e a exercer as suas funções.

Entretanto, este acto da polícia brasileira levantou questões sobre o racismo policial. Os factos ocorreram no dia 17 de Maio de 2020, quando o jovem angolano, na altura com 26 anos, e uma cidadã brasileira, Dorildes Laurindo, de 56, marcaram um encontro para se conhecerem pessoalmente, pois apenas se conheciam pela internet.

Gilberto Andrade de Casta Almeida residia na cidade de Anápolis, no Estado de Goiás, e Dorildes vivia em Cachoeirinha, município próximo a Porto Alegre.

A convite da mulher, o jovem apanhou um voo com destino ao Rio Grande do Sul para conhecê-la.

Foi então que o casal viajou até à praia de Tramandaí, a cerca de 100 quilómetros de Porto Alegre. Os dois contrataram a "BlaBlaCar", uma aplicação de boleias de longa distância, que conecta motoristas e passageiros dispostos a viajar entre cidades e compartilhar o custo da viagem.

No regresso, o casal chamou o mesmo motorista e a partir daí a tragédia terá começado, segundo o delegado de polícia local que investigou o caso, o motorista era foragido da justiça e ao perceber-se da aproximação de um carro da brigada militar, não parou no sinal vermelho e fugiu.

Segundo a polícia, a fuga começou na cidade de Cachoeirinha e estendeu-se até Gravataí, onde o veículo foi interceptado por outra guarnição da Polícia Militar.

A polícia contou, na ocasião, que houve reacção por parte do motorista, por isso, as autoridades abriram fogo que atingiu o casal.

Gilberto Andrade foi atingido com tiros na perna direita e passou por uma cirurgia. Já a sua companheira, Dorildes Laurindo, foi baleada no abdómen e faleceu após duas semanas no hospital de Gravataí.

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