Uma dívida de 250 mil milhões de kwanzas, contraída pela Empresa Nacional de Electricidade (ENDE) à Rede Nacional de Transporte (RNT), tem estado a impedir de satisfazer a reivindicação dos trabalhadores para aumentar o salário na ordem dos cem por cento.

O Presidente do Conselho de Administração (PCA) da ENDE, Hélder Adão, avançou que  mensalmente, a instituição deve pagar à RNT, pela compra de energia, cerca de dez mil milhões de kwanzas, mas nunca conseguiu efectuar a liquidação dessas facturas, por obter apenas seis a oito mil milhões de kwanzas, neste período.

Hélder Adão falava durante uma conferência de imprensa, que visou manifestar repúdio pela falta de rigor técnico na fundamentação apresentada pelo Sindicato local dos Trabalhadores, que ameaça declarar greve, nos próximos dias.

O responsável explicou, igualmente, que a maior parte da dívida que a ENDE tem, actualmente, com a RNT foi adquirida no momento em que se fundiu as empresas ENE e EDEL para formação da ENDE. Cada uma dessas instituições trouxe seus activos e passivos, que eram avultados.

Dada à elevada dívida que a ENDE tem, o PCA ressaltou que fica muito difícil para a direcção da empresa proceder ao aumento em cem por cento do salário dos trabalhadores, como exige o sindicato, nos dois cadernos reivindicativos, enviados até ao dia 12 do mês de Junho.

Sobre os pontos do caderno reivindicativo apresentados pelo sindicato, Hélder Adão respondeu que já mereceram incremento os subsídios de alimentação, transporte, electricidade, renda de casa e subsídio de funeral.

O responsável sublinhou que, diferente das demais empresas do sector eléctrico nacional como a PRODEL e RNT, a ENDE tem o maior número de trabalhadores, num total de 4.511 funcionários. Logo, disse, a instituição faz mais gastos em relação à outras duas organizações afectas ao Ministério da Energia e Águas.

Hélder Adão referiu que, actualmente, a massa salarial da ENDE é de 2.1 mil milhões de kwanzas por mês, numa altura em que o salário mínimo na empresa é de 124 mil kwanzas.

Levar sindicato à tribunal

Sobre o serviço pré-pago, o PCA revelou que o número real de clientes está em 652 mil usuários, mas a cifra tende a aumentar, uma vez que, a partir do próximo ano, vão ser montados cerca de um milhão e 200 mil contadores.

Em relação aos clientes cobrados por estimativa, Hélder Adão sublinhou que a empresa controla no total 400 mil constituintes.

O PCA disse que, caso o Sindicato de Trabalhadores do Sector Eléctrico decida avançar com a greve, os serviços mínimo estarão garantidos, como venda de energia nas lojas.

Mas, Hélder Adão alertou que, tendo em conta as várias acusações feitas pelo sindicato e sem provas, a direcção da ENDE vai levar este grupo de trabalhadores às barras do tribunal.

Por outro lado, o PCA da ENDE garantiu que a direcção da empresa está aberta ao diálogo com o sindicato.