Membros da comunidade LGBTQ+ exigem respeito, queixam-se de discriminação na família e escola
Apesar de Angola registar algum progresso no que toca ao tratamento a pessoas LGBTQ+, esta comunidade ainda enfrenta fortes resistências nos seios familiar e escolar, além das intransigentes posições culturais. São aspectos que as autoridades não podem controlar, mas aqueles entendem que o Estado pode fazer mais.

Carlos Fernandes, director e co-fundador da Associação LGBT Íris Angola, refere que os principais meios de discriminação continuam a ser o seio familiar e a escola. "As pessoas que mais violam nossos direitos são a nossa própria família, escola e polícia". O ambiente escolar, de acordo com o líder associativo, é o segundo ambiente mais hostil, a seguir à família. "É um ambiente insuportável. O sistema todo é feito para te retirares daquele espaço (escola) ". 

O activista conta que muitos gays e pessoas "trans" se vêem forçados a desistir da escola por causa da discriminação. As lésbicas, entretanto, não sofrem tanto quanto os gays, reforça. "Os gays, como são mais afeminados, são mais notáveis, por isso acabam por desistir da escola e, por conseguinte, acabam por ter acesso a empregos precários", explica.

Para o líder associativo, estaria de tamanho aceitável uma maior divulgação da lei. Apesar de se desdobrarem em alguns esforços para sensibilizar os familiares sobre a sua natureza, os homossexuais ainda entendem que o Estado devia fazer mais no que toca à difusão de conhecimento para o público. "Se na lei um relacionamento de homossexuais não é considerado família, se o Ministério (da Acção Social, Família e Promoção da Mulher) não fala sobre isso, então estão a dizer-nos, indirectamente, que este lugar não é para nós", desabafa.

O País deu um pulo com a entrada em vigor do novo Código Penal em 2021, que despenaliza a relação homossexual em Angola, mas a comunidade ainda não se sente satisfeita. "O único grande avanço que vejo tem a ver com a maior abertura de diálogo com as instituições do Estado", destaca Carlos Fernandes. O activista refere que essa abertura começou com o Ministério da Saúde, com políticas de saúde pública para integrantes da comunidade, agora consolida com o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos e caminha para MASFAMU.

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