Mau ambiente de negócios e instabilidade do kwanza ″travam″ crescimento da bolsa
Quatro CEO"s dos grandes bancos da praça nacional apontaram os desafios economia, que também têm contribuído para o fraco desempenho do mercado de capitais. Luís Lélis aponta mau ambiente de negócios. Miguel Alves e Plácido Pires citam a instabilidade da moeda. Hugo Teles diz que não há confiança na economia.

O mau ambiente de negócios, a instabilidade do Kwanza e a falta de confiança na economia são alguns dos entraves para o desenvolvimento do mercado de capitais, apontam banqueiros dos grandes bancos da praça nacional.

Na mesa-redonda do XIII Fórum banca do Expansão, os banqueiros abordam o tema "o impacto das privatizações e da entrada em bolsa dos bancos comerciais", num momento em que o País regista uma redução das receitas de exportação e a ausência do Tesouro Nacional no mercado cambial, que geram um "afundanço" do Kwanza face às principais moedas internacionais, acompanhado pela diminuição dos subsídios à gasolina, que tiveram impacto sobre os preços, provocando uma aceleração da taxa de inflação.

Para o PCE do BAI, Luís Lélis, o mercado de capitais pode dar a possibilidade de alguns grupos internacionais entrarem no sector bancário e na economia angolana, mas para tal, é necessária uma melhoria do ambiente de negócios.

"Porque é que alguém vai querer fazer investimento em Angola com um contexto em que nós só temos por ambição chegar ao mesmo nível que a África do Sul em 2050, do ponto de vista do doing business. Como é que nós tornamos Angola, ou criamos um ambiente propício para os investidores privados investirem no país?", afirmou. Assim, Luís Lélis enumera um conjunto de situações, desde a burocracia, às garantias reais, os títulos de propriedade, entre outros, que tornam o ambiente de negócios bastante desafiante. "Ninguém pega e resolve o tema dos terrenos, dos imóveis e das garantias?", questionou.

País precisa melhorar ambiente de negócios

O líder do maior banco em activos (BAI) afirma também que o país precisa rapidamente criar as condições de melhoria do ambiente de negócios para se ter um mercado de capitias mais activo e uma economia mais atractiva.

"Somos nós os angolanos e os estrangeiros que decidimos fazer Angola um país para viver e morrer. Temos que atacar as coisas como elas são, não vale a pena continuar a pôr flores porque o petróleo vai acabar. O petróleo em 2050 acaba, e nós temos que rapidamente criar as condições de melhoria do ambiente de negócios", afirmou. No entanto, Luís Lélis entende que é necessário que "quem tem as rédeas das coisas do País ataque aquilo que é essencial", neste caso, o ambiente de negócios. E só assim é que os investidores institucionais, os bancos e outros, terão maior apetite. "Esse país é um mar de oportunidades enorme. Não é apenas um país potencialmente rico. É um país que tem capacidade de transformar esse potencial, se nós eliminarmos as barreiras burocráticas e o manto regulamentar e administrativo que hoje existe", sustentou.

Estabilidade do kwanza é fundamental

Por sua vez, Miguel Raposo Alves, PCE do banco Millennium Atlântico, entende que a estabilidade da moeda nacional é fundamental para o bom desempenho dos mercados financeiros.

"Não há nenhum investidor internacional informado que não espere a moeda flutue. O que os investidores não gostam é de surpresas", disse o CEO.

Miguel Raposo Alves fala numa altura em que o País regista uma queda do kwanza, tendo depreciado cerca de 39% desde Janeiro, sendo a segunda moeda africana com pior desempenho no final do primeiro semestre. E num momento em que há uma aceleração da taxa de inflação, que obrigou o BNA alterar o objectivo para 12 a 14%. no final do ano.

Plácido Pires, PCE do Caixa Angola, entende que a estabilidade da moeda é fundamental para as perspectivas de rentabilidade, que é um elemento motivador de para qualquer investidor. "As perspectivas de rentabilidade também dependem em que moeda é que o accionista raciocina, se pensa em kwanzas, alguns aspectos podem não ter importância, mas se raciocina numa moeda forte tem bastante importância", disse.

Entretanto, aponta que para o bom funcionamento de um mercado de capitias é desejável que haja mais estabilidade dos preços, sobretudo quando estamos perante investidores internacionais.

"Em Portugal as coisas só começaram a funcionar a sério, quando a perspectiva de integração na moeda europeia começou a se concretizar, e portanto, havia alguma confiança na estabilidade. Ali sim, todo o programa de privatização teve outra dinâmica e outra procura, e houve realmente uma evolução significativa", exemplificou.

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