Manuel Homem: "A pobreza espiritual de alguns está a ser transformada numa fonte de receitas para outros e na desgraça de várias famílias"
Governador de Luanda fala sobre a falsa prosperidade vendida em igrejas da capital, num dia de domingo, de adoração a Deus.

O MILAGRE DA PROSPERIDADE QUE NUNCA CHEGARÁ 

Há uma crescente corrente da sociedade que acredita em atitudes de uma propalada prosperidade material assentes na fé ou numa oferenda de valor que possui para que num estalar de dedos surja o milagre divinal.

A pobreza espiritual de alguns está a ser transformada numa fonte de receitas para outros e na desgraça de várias famílias.

Lamentavelmente, não são apenas os menos esclarecidos, do ponto de vista do nível de escolaridade, que caem nas armadilhas de uma falsa prosperidade sem esforço, sem entrega ao trabalho, sem estudo, sem dedicação. 

Esta cegueira e ambição pelo bem material que se apoderaram de muitos estão a empobrecê-los física e espiritualmente, tudo na ilusão de uma esperança do tão aguardado dia em que chegará o milagre da prosperidade.

A ganância, o lucro fácil, a conquista rápida são, talvez, uns dos grandes males na base deste fenómeno assustador da procura da boa vida que à surdina está a enfermar várias famílias. 

Muitos só se despertam da hipnose quando atingem o fundo do poço. Não é só culpa dos falsos profetas, é, também, culpa da ganância, do entusiasmo de querer ser como o amigo, da inveja daquele que se deu bem, da falsidade que graça as amizades ou também da pressa de se querer ter o que ainda não se trabalhou o suficiente para merecer. 

Claro, é legítimo terem-se sonhos e aspirações na vida, mas que seja com realismo e sensatez.

Esta loucura da concorrência pelo bem estar emergencial está a criar em alguns a falta de lucidez e o sentimento de que o ganho está naquilo que agora chamam de "propósito" de entregar todo o salário ao invés do dízimo, de sacrificar o que  adquiriu em favor de uma falsa e ilusória visão espiritual de uma prosperidade dos ditos profetas ou fazedores de milagres. Só mesmo a pobreza espiritual e a ambição desmedida levam à ilusão de riqueza e à prosperidade que nunca chegará. 

Que desgraça é essa, ser iludido por alguém que precisa ele mesmo de um milagre para sobreviver?

Que mal é este que se está a apoderar de muitos? Talvez seja prudente orarmos a favor de todos estes e que Deus os perdoe por não estarem a interpretar, convenientemente, os ensinamentos das Sagradas Escrituras e que lhes dê sabedoria para saírem desta encruzilhada de Lúcifer a que estão submetidos.

Aos espertalhões que abusam da fragilidade emocional dos outros só posso dizer que tudo na vida tem um fim e um preço. A maldade é maldade e o produto que advém dela é podridão. Estaremos aqui para ver o vosso futuro próspero.

Texto de Manuel Homem, governador de Luanda

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