Importação de bens de consumo corrente disparou 61% para 11,8 mil milhões
Este aumento das importações ocorreu em ano eleitoral e numa altura em que as exportações cresceram bastante devido à alta de preços do petróleo, o que fez disparar o saldo da balança comercial de mercadorias.

A importação de bens de consumo corrente, como alimentação e medicamentos, disparou 61% em 2022, ao passar de 7.343 milhões USD em 2021 para 11.814 milhões USD, de acordo com as estatísticas externas do Banco Nacional de Angola (BNA).

Trata-se do valor mais alto desde 2014, o que para especialistas, significa que o facto de se ter tratado de um ano eleitoral não foi mera coincidência.

"Tendo sido 2022 um ano eleitoral, isto coincidiu também com a retoma do crescimento económico, devido à recuperação do preço do barril de petróleo. Era esperado que a governação estivesse mais interessada em assegurar a manutenção do poder do que em fazer o que era correcto, isto é continuar a estimular o sector produtivo cujos resultados levam algum tempo a reflectir-se numa melhoria da qualidade de vida da população. Como medida eleitoralista priorizou- se a importação de bens de consumo corrente (particularmente bens alimentares) adquiridos a um preço muito mais competitivos do que a produção local", admite o economista e investigador Fernandes Wanda.

Mas não foi só nos bens de consumo corrente que as importações aumentaram. Também as compras lá fora de bens de consumo intermédio subiram 28% face a 2021, ao passar de 1.523 milhões USD para 1.956 milhões. Tratam-se de mercadorias que podem ser transformadas ou utilizadas no processo produtivo. Já a importação de bens de capital, como equipamentos e instalações necessários para a produção de outros bens e mercadorias (exemplo: máquinas, ferramentas, fábricas ou motores) cresceu 19%, passando de 2.929 milhões USD para 3.498 milhões.

Contas feitas, Angola importou mercadorias em 2022 no valor de 17.267 milhões USD, o que representa um crescimento de 46% face a 2021. Se as importações cresceram o mesmo aconteceu com as exportações, que subiram 49%, ao passar de 33.581 milhões USD para 50.038 milhões. E o responsável foi já o suspeito do costume, o petróleo, que juntamente com o gás representaram 95% das exportações angolanas, equivalente a 47.490 milhões USD, o que compara com os 19.584 milhões em 2021. Assim, no ano passado, o saldo da balança comercial de mercadorias cresceu 50% para 32.771 milhões USD.

Destaque também para a exportação dos produtos da denominada diversificação económica (fora do sector petrolífero e diamantes), cujas vendas para fora do país dispararam 45% em 2022, passando de 283 milhões USD para 409 milhões. Dentro desta categoria catalogada pelo BNA como "outros produtos", a mercadoria mais exportada foram máquinas e equipamentos (110 milhões USD), seguindo-se bens alimentares (82 milhões) e material de construção (65 milhões).

A China continua a ser o principal parceiro comercial de Angola, já que foi o principal comprador de mercadorias angolanas e o principal vendedor para Angola. Comprou 43% do total das exportações angolanas e vendeu 15% das importações angolanas.

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