Greves ameaçam paralisar Angola
Reivindicações vêm de há muitos anos e são as mesmas: aumento salarial e melhores condições de trabalho.
 

Reivindicações vêm de há muitos anos e são as mesmas: aumento salarial e melhores condições de trabalho.

Após a greve dos médicos que durou semanas e que terminou no último sábado, 19, com promessas de serem inseridos no regime remuneratório especial e melhorias das condições de trabalho, seguiram os enfermeiros esta terça-feira em todos os hospitais públicos de Luanda, enquanto se anunciam outras que ameaçam paralisar a função pública.

A decisão dos profissionais surge 10 meses desde que a entidade patronal prometeu atender os 14 pontos apresentados no caderno de reivindicações.

O secretário-geral do Sindicato dos Técnicos de Enfermagem de Luanda, Afonso Quileba, lamenta o facto de não terem obtido “qualquer resposta”. E aponta interferências de directores de hospitais, nomeadamente de Viana, Cacuaco e Cazenga, contra a realização da greve.

Entre as principais exigências, enumera o aumento salarial, horas acrescidas, subsídio de alimentação, material gastável e segurança nas unidades hospitalares.

A educação é outro sector que prepara greve, a iniciar tão logo comece 2022. Em entrevista a rádio Essencial, Victor Gimbe, secretário-geral do Sindicato Nacional de Professores e Trabalhadores do Ensino Não-Universitário (Sinptenu), explica que as exigências são as mesmas de anos anteriores: aumento da tabela salarial, desajustada pela inflação, porquanto “os trabalhadores hoje não trabalham para poupança ou investimento, simplesmente para o consumo.” Acresce ainda a melhoria das condições de trabalho. “Nesta altura, as condições de trabalho estão a ser péssimas porque não temos giz. Os professores, nos corredores, repartem-se paus de giz. As condições são muito deploráveis. A impressão dos enunciados é da responsabilidade dos professores, estes que já ganham mal”, retrata, apontando como causa da situação a retirada das taxas e emolumentos da responsabilidade dos directores das escolas.

Com o Ministério da Educação, a Inspecção Geral do Trabalho, o Governo Provincial de Luanda já foram avisados da greve, caso não sejam dadas respostas às revindicações até início de Janeiro, o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores (Sinprof), Admar Ginguma, descreve o clima na classe de “insatisfação” e de “luta permanente.”

“Não queremos continuar a ter professores com salário de 40 mil kwanzas”, refere.

Por sua vez, o secretário nacional para assuntos Jurídicos e Laborais da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores da Educação, Cultura, Desporto e Comunicação Social, Zacarias Jeremias, explica que as negociações com a entidade empregadora (Estado) têm sido “muito complicadas”. Dos 13 pontos do caderno reivindicativo que apresentou, nenhum foi atendido. Do número, consta a redução do Imposto de Rendimento do Trabalho (IRT), que, segundo refere, tem dificultado a vida dos funcionários.

 “Anteriormente os trabalhadores da educação e outros sectores pagavam 17%, hoje pagam 25%, tem sido muito pesado. Entendemos que pouco tem feito a favor dos trabalhadores”, critica.

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