Gemcorp esconde onde investiu dinheiro do BNA e afunda lucros do banco central
Os lucros em dólares do Banco Nacional de Angola (BNA) afundaram 79% para 38,5 milhões USD, enquanto em Kwanzas caíram 72% para 25,3 mil milhões Kz, queda nos resultados líquidos que se ressente, em parte, pela retirada do balanço de 300 milhões USD que o banco central aplicou em 2017 num fundo de capital de risco gerido pela Gemcorp.

A relação pouco transparente entre o banco central e a Gemcorp, que é ao mesmo tempo um dos maiores credores do BNA e o maior gestor externo de activos volta a ficar evidente no Relatório e Contas 2020. À semelhança de 2019, o fundo sedeado em Londres continua a 'esconder' onde o BNA tem investidos mais de 300 milhões USD e o banco central acabou por ser obrigado a reavaliar ao justo valor o investimento como nulo, no cumprimento das normas internacionais contabilísticas que exigem a valorização dos activos ao justo valor, ou seja, a valor de mercado.

O banco central indica que a queda nos resultados em 2020 se deve a cinco factores, entre eles a diminuição de 287,9 mil milhões Kz nos resultados em operações financeiras, devido, em parte, à reavaliação ao justo valor dos resultados de activos financeiros geridos pela Gemcorp, que em 2019 foram valorizados em 171,2 mil milhões Kz.

"No decorrer do exercício de 2017, o BNA iniciou o investimento junto da entidade Gemcorp Fund Limited, através de um investimento inicial no montante de 300 milhões USD. No contexto da preparação das Demonstrações Financeiras, referentes a 31 de Dezembro de 2020, o Conselho de Administração deliberou efectuar um ajustamento do seu valor de balanço para um justo valor nulo considerando (i) a inexistência de detalhe integral quanto aos activos subjacentes, (ii) a não obtenção dos modelos de valorização dos activos subjacentes e (iii) a revisão do período de investimento de 2022 para 2024", refere o R&C 2020. Esta alteração à data para o fim do investimento do BNA, para mais dois anos, terá apanhado de surpresa o banco central, que contava com o retorno do investimento e o fim da ligação à Gemcorp já no próximo ano.

No ano passado, o Expansão divulgou que o BNA não sabia onde tinha investidos 355 milhões de dólares, já que o fundo sedeado em Londres, que na altura era o maior gestor de activos externos do BNA, 'escondia' onde fez investimentos com dinheiro do banco central. E não foi por falta de pedidos por parte do banco central, como afirmou no ano passado ao Expansão o director do Departamento de Reservas do BNA, Avelino dos Santos. Apenas se limitavam a entregar ao banco central informação sobre a valorização da carteira.

Expansão

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