Futuro negro: Crescimento de Angola em baixa e inflação em alta abre portas à estagflação
As perspectivas para o resto do ano não são nada animadoras. Para cumprir os valores inscritos no OGE, a produção petrolífera teria de crescer 223,5 mil barris por dia face à média diária dos meses de Julho e Agosto. Com baixo crescimento, alta inflação e desemprego, o fantasma da estagflação volta a pairar sobre o País.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,2% no I semestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão com base no relatório das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE). E a culpa é do suspeito do costume, o petróleo, cuja produção encolheu cerca de 17 milhões de barris face ao período homólogo, devido, sobretudo, a paragens não programadas nos blocos petrolíferos. A estagnação da economia aliada à aceleração da inflação voltam a empurrar Angola para o caminho daquilo a que os economistas chamam de estagflação, um cocktail de fraco crescimento económico ou mesmo recessão, de aumento do desemprego e de inflação elevada.

De acordo com os dados do INE, depois de o PIB ter crescido 0,3% em termos homólogos no I trimestre deste ano, entre Abril e Junho expandiu apenas 0,01%. A estagnação nos primeiros seis meses desde ano resulta da queda da produção de petróleo no País, que se traduziu num afundanço de 5,9% no PIB da Extracção e Refino de Petróleo entre Janeiro e Junho, medido pelo INE. Esta queda foi mais acentuada no I trimestre (-8,0%) do que no segundo (-2,9%), com o INE a justificar a queda no II trimestre com paragens de produção em alguns campos.

"Esta variação é resultante da paragem do processamento, devido à fuga de gás no poço BL6P1- ST1 do campo Belize. Paragem do processo devido à activação do alarme de pressão alta no tanque de armazenamento, no FPSO Kizomba A e o baixo desempenho de alguns poços do campo Ndungu, devido à falta de suporte do sistema de injecção de água", refere o INE.

Mas a culpa da estagnação da economia nacional não é apenas do "ouro negro", já que a Extracção de Diamantes, Minerais Metálicos e de Outros Minerais não Metálicos também caiu 3,9% no I semestre. Só no II trimestre ocorreu um decréscimo de 21,9%, que aconteceu, sobretudo, devido a "uma variação negativa na produção de extracção de diamantes e sal na ordem dos 22,1% e 52,9%, respectivamente".

A atirar a economia para baixo no I semestre estiveram ainda os Correios e telecomunicações (-2,4%) e os Outros serviços (-0,6%), este último influenciado por uma diminuição de actividade de serviços de alojamento e restauração.

Por outro lado, a empurrar a economia para cima estiveram 10 sectores, com destaque para o Transporte e Armazenagem, que cresceu 28,3% face ao I semestre do ano passado devido "ao aumento do número de passageiros registado no ramo ferroviário, aéreo e rodoviários privado". Segue-se a Intermediação financeira e de Seguros, cujo Valor Acrescentado Bruto ( VAB) cresceu 13,1% em termos homólogos no I semestre deste ano "motivada, particularmente, pelo aumento dos proveitos da produção das seguradoras, bem como dos bancos comerciais".

Já o Valor Acrescentado Bruto da Electricidade e Água subiu 6,9%, enquanto o do Comércio cresceu 5,4%, com o INE a justificar esse crescimento no II trimestre com o "aumento na produção dos produtos agrícolas, dos bens manufacturados e dos bens importados, que têm uma representação acima dos 40% no sector". Os Serviços imobiliários e aluguer cresceram 4,8%, o VAB da Administração Pública subiu 3,1% e o das Pescas 2,7%. A construção cresceu 1,8%, a Agro-pecuária e silvicultura 1,6% e a indústria transformadora 1,5%.

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