Fracasso: Ligação de catamarã Luanda/Cabinda com procura abaixo dos objectivos
As conexões marítimas estão a operar abaixo do que eram as expectativas há nove meses atrás, quando o serviço foi inaugurado. Os preços das viagens, limitações na carga a transportar, concorrência dos meios aéreos e a ausência de campanhas de comunicação e marketing são algumas das justificações.

Quando o projecto arrancou a 28 de Julho do ano passado, a projecção era para a utilização de duas embarcações, uma de passageiros e outra de carga não contentorizada, que fariam duas ligações semanais no percurso Luanda/Soyo/Cabinda. Esta semana, se constatou que apenas está a ser utilizada uma embarcação, para passageiros e carga, e que é feita apenas uma ligação por semana, que sai de Luanda à sexta-feira e regressa de Cabinda à segunda. Também a capacidade do catamarã é para 264 passageiros mas está a operar, em média, com apenas 70.

A principal razão é a concorrência do transporte aéreo, que dispõe de 23 ligações semanais para a província, com preços mais acessíveis e com um tempo de viagem, mesmo tomando em linha de conta o tempo que se gasta nos procedimentos aeroportuários, mais curto.

"Pelas desvantagens que este meio apresenta, só viaja no catamarã quem quer fazer turismo", disse Francisco Nevala, passageiro que revelou ter desistido depois da primeira viagem que fez em Novembro do ano passado, de Luanda para Cabinda. "Na altura era para fazer ida e volta de catamarã mas acabei por voltar de avião por causa das inúmeras desvantagens que este transporte apresenta", disse.

Uma das questões que sempre se coloca é o preço. A viagem de catamarã custa 20 mil Kz, começou por ser 30 mil Kz mas foi reduzido, sendo que neste momento existe uma promoção temporária de 18 mil Kz, o que significa que ida e volta para a província custa 40 mil Kz. Pela TAAG a viagem custa 19 mil Kz e para um bilhete de ida e volta o preço fica em 27 mil Kz. Pela Sonair, cada viagem custa 25 mil Kz e para ida e volta fica nos 34 mil Kz.

A viagem Luanda/Cabinda em catamarã demora 10 horas e cada passageiro tem direito apenas a 40 Kg de bagagem, sendo que por avião é possível levar mais e com um tempo de viagem que não ultrapassa os 60 minutos. Junta-se depois a ausência de comunicação da existência deste serviço, sendo que depois do lançamento oficial da ligação, não foi feito quase nada em termos de publicidade e marketing.

Estratégia

Para a rentabilização desta operação é necessário definir aquilo que poderão ser as vantagens deste serviço face á concorrência do transporte aéreo.

Para o economista Mondlane Cruz existem formas de tornar a viagem de catamarã mais atraente, apontando algumas ideias como a redução do preço das viagens através de promoções, descontos para grupos ou passageiros frequentes, aumento do limite de bagagem permitida por passageiro (é preciso lembrar que hoje o transporte marítimo para grandes distâncias está especializado no transporte de carga), criar serviços diferenciados como fornecer alimentos e bebidas, wi-fi, música, filmes, teatro e outro tipo de atracções.

Do ponto de vista do cidadão que se desloca da província de Cabinda para a capital para comprar mercadoria, um dos aspectos que poderia ajudar ao aumento do tráfego seria a possibilidade de transportar mais quilos que no transporte aéreo, obrigaria possivelmente a uma alteração dos procedimentos, mas seria uma vantagem tendo em conta os preços do excesso de bagagem no avião.

Relativamente aos cidadãos que circulam por questões profissionais ou empresariais, e tendo em atenção que a duração do trajecto não se pode alterar face às condições actuais dos meios, seria necessário criar condições para que a viagem de catamarã fosse atractiva. Isto implica comodidade, serviços diferenciados, facilidade de circulação, entre outros. Algo que faça sentir a quem opte por este meio que não está a perder o seu tempo.

REAÇÕES

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