Estudante angolano em Cuba condenado a 20 anos de prisão
É acusado de matar o professor.

O bolseiro angolano foi detido no mês de Setembro do ano passado, na sua residência, acusado de homicídio do professor cubano, também seu amigo.

Fontes do meio estudantil em Cuba contam Leitão Jeremias chorou ao ouvir a condenação e gritou ser inocente.

"Eu não fiz nada, as senhoras acusam-me de algo que não cometi. O professor era como um pai para mim, nunca seria capaz de fazer essa crueldade a um homem de bem", gritou Armindo Leitão Jeremias, estudante finalista do curso superior de Sistema de Informação de Saúde, da Faculdade de Tecnologia da Saúde da Universidade de Ciências Médicas de Havana.

Alguns bolseiros contaram, sob anonimato, que a sentença foi viciada porque durante o julgamento houve insuficiência de provas.

"O crime que dizem que o nosso colega cometeu não ficou provado no tribunal, as testemunhas não conseguiram afirmar que o jovem que viram era o Jeremias. Todos sabemos disso e não entendo como a família, sobretudo a filha, continuam a acusar o nosso colega que até era como um filho para o professor", expuseram.

Ângelo Leitão Jeremias, irmão do acusado, disse recentemente à Rádio Nacional de Angola, no Moxico, que a família está de mãos atadas e pediu a intervenção urgente das autoridades angolanas na mediação desde caso.

"Por favor nos ajudem. Ele não é bandido como as autoridades cubanas estão a querer mostrar, e muito menos assassino, não é justo o que fazem com ele", lamentou o irmão.

No dia 11 de Junho, Armindo Leitão Jeremias, foi ouvido em tribunal pela primeira vez, tendo dito que esperou pelo momento e de seguida expressou a sua dor.

"Nunca me ouviram, apenas me acusaram e nada mais. No dia anterior aos factos, eu queria trocar dinheiro, 190 cuc (moeda local) por dólares americanos. Como sempre, o professor era a pessoa que nos fornecia os dólares, dávamos o dinheiro e só depois recebíamos o que nos pertencia. Ele sempre ia sozinho, tanto que pedi muitas vezes para o acompanhar e ele sempre recusou. Apenas dizia para não me preocupar e no dia seguinte apareceu morto", explicou.

Segundo o bolseiro, antes de tudo, o professor cubano apareceu na sua residência com o semblante carregado, que mostrava preocupação, isto no mesmo dia em que desapareceu.

"Eu perguntei-lhe: "professor, passa-se algo?" Como sempre me respondeu que não e que estava tudo bem. Mas perguntou-me onde ficava a banheiro, que lhe indiquei. Posto lá, perguntou-me se não tinha balde do lixo, eu disse-lhe que, após usar a toalha, que me pediu antes, podia colocar mesmo ali, que eu depois tirava. Quando se limpou, queria colocar a toalha num saco e levá-la consigo, porque se calhar deu conta que havia manchas de sangue, mas como eu não sabia de nada, disse-lhe que não, que ele podia colocar mesmo ali na mala que estava próxima", contou.

De acordo com Armindo Jeremias, o professor chegou a pedir o dinheiro e ajudou-o a contar.

"O professor contou o dinheiro e disse que mais tarde voltava, tudo isso foi por volta das 10 horas. Ele foi embora e eu fui dar as minhas voltas, mas como o tempo passava, fui ligando para ele e ele não atendia. Fiz várias chamadas e o professor não atendia, então passei em Fetesa, minha residência estudantil, perguntei por ele, e ninguém sabia onde ele estava" explicou.

Segundo o jovem angolano, quando eram 14: 00, o professor apareceu na sua residência com ar de cansado como se tivesse corrido, tendo ele perguntado se se passava alguma coisa, ao que o professor respondeu que não.

Armindo Jeremias disse ao juiz do Tribunal de Havana que apenas tomou conhecimento da morte do amigo e ex-professor nas redes sociais.

Entretanto, segundo o estabelecido na Lei cubana, os advogados têm até ao dia 14 deste mês para apresentar o recurso da decisão proferida na quarta-feira, dia 30.

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