Empresas de exploração de inertes poluem rio Cuquema - Há animais a morrer
Mais de 500 familiais que dependem directamente da água do Rio Cuquema, no município da Camacupa, província do Bié, queixam-se da poluição da água do rio há vários meses e acusam as empresas que exploram inertes e lavam areia no rio de serem as responsáveis pela contaminação da água. Há relatos de doenças e de mortes de animais aquáticos.

O silêncio das autoridades locais e a não responsabilização criminal das empresas que exploram inertes e lavam areia no rio preocupa a população das aldeias do Chambula, Ungundu, Diengue, Mbeu, Kapango, Ngonde, Cuquema, Nholonga, Ndjamba, Rita, Kanguegue, Chaveia e Chinlhanla, que assegura que a água é imprópria para o consumo humano e de animais.

A denúncia foi feita por populares residentes na região do Rio Cuquema, que dista 17 km da cidade do Kuito.

Um fazendeiro, que solicitou anonimato, disse que perdeu 10 cabeças de gado em apenas dois dias por conta da água poluída do rio.

"Está demais. A água está poluída em toda a sua extensão e não se compreende o silêncio das autoridades face a esta situação que já dura há meses", lamentou.

Segundo os populares, com ou sem chuva a água do rio continua na mesma e não serve sequer para a lavagem das roupas dentro e fora do rio.

Conforme a denúncia, vários animais aquáticos estão a morrer e milhares de plantações a estragarem-se nos campos e lavras.

"Há também várias pessoas com infecção urinária e febre tifoide nas aldeias", salientam os queixosos, que estranham a coincidência.

Os denunciantes dizem que agora percorrem vários quilómetros para conseguirem água nos rios vizinhos e acrescentam que muitos jacarés estão a fugir do rio por conta da água estar imprópria.

Entretanto, a água imprópria do Rio Cuquema é usada apenas para feitura de blocos de adobe, o que é muito comum na região do Camacupa.

Os denunciantes asseguram que há uma empresa pertencente a um general das Forças Armadas (FAA) ligado ao partido do poder (o MPLA), que tem uma vala directa ao rio onde são despejados todos os lixos da exploração de inertes e das lavagens de brita e areia.

"Precisamos que os inspectores do Ministério do Ambiente venham ver isso", solicitaram os munícipes.

O ambientalista José Silva é de opinião que as empresas que exploram na região sejam responsabilizadas.

"As entidades competentes devem fazer uma auditoria e ver se essas empresas estão a cumprir as recomendações de impacto ambiental", disse o ambientalista, assegurando que muitas vezes as leis e as recomendações não são cumpridas.

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