Deputados do MPLA e da UNITA 'lutam' no Parlamento
A plenária foi marcada por alguma tensão, com o MPLA a acusar a UNITA de ser responsável pela crispação política que o País vive, com a instigação da população a acções de desobediência, o "Galo negro" respondeu que "destituir o Presidente da República não é humilhação, mas um acto democrático",

O líder do Grupo Parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, defendeu que "o MPLA continua focada na paz e na reconciliação nacional" e acusou a direcção da UNITA de, sempre que vai ao exterior do País, "caluniar o Executivo e manchar a imagem do País".

De acordo com o deputado, a abertura ao diálogo demostrada pelo MPLA está a ser mal interpretada pela UNITA.

Virgílio de Fontes Pereira referiu que numa fase em que precisam de estar focados e unidos na resolução das dificuldades que enfrentam, os adversários políticos priorizam uma "agenda narcista e de avidez pelo poder".

Disse que nos últimos tempos, o debate político tem-se transformado em discussão estéril, marcado por incidentes constantes entre os militantes dos partidos políticos.

"Um partido que tem como opções partidárias a destituição e conspiração, é óbvio que não tem vocação para exercer o poder", disse, sublinhando que se deve "evitar o populismo e sentimento de exclusão e lutando pela inclusão e pela unidade do povo".

Segundo o líder parlamentar, o MPLA é o partido que venceu às eleições, mas não está fechado ao diálogo e à inclusão.

Referiu que a política económica perseguida pelo Executivo "visa o alargamento da base produtiva nacional, como condição indispensável para um desenvolvimento económico que concorra para o aumento do emprego e consequentemente melhoria do rendimento disponível das famílias, permitindo, assim, a melhoria contínua das condições de vida de todos os angolanos".

"Adicionalmente, o Executivo, atento aos enormes desafios que resultam da implementação do IVA, está a optimizá-lo, procurando reduzir ao máximo a sua incidência nos bem de alto consumo", disse,

Referiu que o MPLA continua a defender, junto do Executivo angolano, a criação de novas oportunidades de emprego para a juventude.

"Os jovens não podem cair nas mãos daqueles que, com falsas promessas e discurso ardiloso, aproveitando-se das dificuldades com que vivem, os instrumentalizam para alcançar os seus objectivos políticos", frisou.

O líder do Grupo Parlamentar do MPLA reafirmou o apoio ao Presidente da República, João Lourenço, na sequência da pretensão da UNITA de o "desalojar" do cargo de Chefe do Estado.

"O Grupo Parlamentar do MPLA reafirma o seu apoio ao Presidente da República, João Lourenço, ponto final", disse Virgílio de Fontes Pereira, salientando que a UNITA quer assumir o poder ilegalmente.

Referindo a proposta de Lei sobre a Liberdade de Reunião e de Manifestação, de iniciativa do Grupo Parlamentar da UNITA, disse que o MPLA está de acordo para a sua ratificação, mas por questões técnicas até aqui não foi aprovada.

O líder do Grupo Parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka, disse não haver condições para a realização de um golpe do Estado em Angola, à semelhança do que acontece nos outros países africanos.

"Mesmo com o roubo dos resultados eleitorais, em Angola não haverá um golpe de Estado", disse o presidente do Grupo Parlamentar da UNITA.

Segundo o deputado da UNITA, o Presidente da República é o principal rosto da violação da Constituição no País, por isso, deve ser destituído.

"Destituir o Presidente da República não é humilhação, mas um acto democrático. Quando isso acontecer, Angola passará a ser respeitada", referiu.

De acordo com o deputado, Angola precisa de uma reconciliação genuína e tem dificuldades para sua concretização.

"Há instrumentalização destorcida da verdadeira reconciliação", disse o deputado que saudou a forma equilibrada com que a presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, tem conduzido os debates no Parlamento.

Disse que o País precisa de construir um novo sistema político, porque nota-se a falta de vontade política na resolução dos problemas.

"Os erros cometidos pelo Executivo devem ser responsabilizados. A Assembleia Nacional foi subalternizada pelo Executivo", lamentou.

Para a UNITA, o Governo falhou em encontrar uma solução duradoura que traga estabilidade às taxas de juro, à taxa de câmbio e à taxa da inflação.

"O Executivo também falhou em alcançar os objectivos previstos com o programa de substituição das importações por via da reserva estratégica alimentar. O Governo falhou, porque não tem visão estratégica e sensibilidade humana. O Governo falhou porque não tem vontade patriótica e está atolado na corrupção, impunidade e favorecimento de grupos empresariais de amigos e camaradas de partido", diz a UNITA.

De acordo com a UNITA, os governantes bloqueiam a produção nacional para ganharem nas importações por via de comissões milionárias.

"O combate ao branqueamento de capitais também falhou. Os donos das empresas que mais se beneficiam da contratação directa sem concurso público parecem ter fortes ligações aos governantes ou seus familiares", referiu, sublinhando que só no ano passado, registaram-se 508 procedimentos de ajustes directos.

De acordo com a UNITA, "para se corrigir definitivamente o que está mal no País, temos de ir à raiz dos problemas, que é o nosso sistema e a cultura de governação, fundados na mentalidade monolítica e na supremacia de um Partido-Estado".

O líder do Grupo Parlamentar misto PRS/FNLA, Benedito Daniel elogiou o agendamento do IVA que será reduzido de 14 para 7% por cento.

"A Batalha do Executivo neste momento é de restituir o poder de compra aos cidadãos", referiu, encorajando o Governo a apostar no sector agrícola para reduzir as importações.

A Líder do Partido Humanista de Angola, Bela Malaquias, aproveitou a sua declaração política para exigir à UNITA que reconheça "os erros cometidos na Jamba, onde foram queimadas vivas muitas pessoas durante a guerrilha", e elogiou a deslocação da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) à Jamba, no Kuando-Kubango, na semana passada, para dar início ao processo de buscas de ossadas de familiares e antigos dirigentes do "Galo Negro".

A resposta da UNITA a Bela Malaquias, foi render homenagem "a todas as vítimas dos conflitos" em Angola, sem particularizar.

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