Depois de abandonar Unita - Mfuka Muzemba cria partido
O antigo secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), Mfuka Muzemba, vai disputar a presidência em 2022.

Mfuka Muzemb, que há oito anos foi afastado da liderança da JURA pela direcção do "Galo Negro" por suspeitas de que recebeu milhões de dólares e viaturas para travar manifestações contra o antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, disse hoje, na apresentação do seu novo partido, que quer ser "um grande líder para a Angola e para os angolanos", garantindo que a sua força política "não vai ser chumbada pelo Tribunal Constitucional".

"Estou com uma grande equipa de advogados e já está criada a comissão instaladora para a legalização do "Partido Esperança", que será um facto", disse Mfuka Muzemba, que acrescentou que "ninguém está por detrás deste projecto político".

O antigo secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola informou os jornalistas que hoje mesmo foi feita a entrega da documentação para a legalização do partido no Tribunal Constitucional, embora não tenha adiantado quantas assinaturas conseguiu recolher.

De lembrar que Mfuka Muzemba, num comunicado enviado as redacções dos órgãos de comunicação social no dia 10 deste mês, afirmava que "após um longo período de afastamento originado por bloqueios internos", decidiu renunciar à militância na UNITA".

O ex-deputado à Assembleia Nacional esclarecia no comunicado que deixava o partido "sem qualquer sentimento de mágoa e muito menos tristeza", prometendo "abraçar novos desafios em breve".

"A vida política aconselha-nos a proceder a balanços, em cada período, e tomarmos decisões que julgamos adequadas ao contexto. O tempo não é de arrependimentos, não é de críticas, nem de ajustar contas. É tempo de renovar esperanças e é tempo de perspectivar o futuro", acrescentava, justificando que a decisão que tomou o tornava "livre como um peixe que volta para a água".

No documento, MFuka Muzemba referia que vai continuar a dedicar-se ao País, que "precisa de caminhar, que precisa dos seus filhos que sabem tomar as melhores decisões".

UNITA suspendeu Mfuka por suspeita de corrupção

Em 2013, a direcção da UNITA suspendeu Mfuka Muzemba da liderança da JURA, por suspeita de este ter recebido milhões de dólares e viaturas para travar manifestações contra o antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Depois de oito meses de investigação interna, a comissão jurisdicional do partido concluiu que Mfuka Muzemba resistiu à corrupção, mas acabou por ceder e recebeu três casas de luxo no projecto habitacional "Kilamba".

Além de várias viaturas, em quantidade não especificada, o líder juvenil terá recebido também dois milhões de dólares, para neutralizar manifestações contra o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e colocar em letargia a sua própria organização, segundo a investigação na altura.

Em conferência de imprensa, Mfuka Muzemba, que foi acusado de corrupção activa e passiva, negou todas as acusações.

"Entrei na UNITA por convicção própria, por acreditar no seu projecto e nos seus ideais", sublinhou Mfuka Muzemba, na altura com 36 anos, durante a apresentação de um documento a que deu o nome de "Renovar a esperança".

A decisão de Muzemba mereceu, hoje, quinta-feira, 10, grande destaque na imprensa pública ou na esfera do Estado.

Mfuka Muzemba é o último caso de elementos com ligações à UNITA que rompem, nos últimos meses, com o partido e é, de todos os que foram "expostos" na comunicação social pública ou na esfera pública, o nome mais sonante.

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