Comboio pode deixar de apitar em Benguela: Funcionários ameaçam greve
Mais de 1300 funcionários dos Caminhos-de-ferro de Benguela (CFB) ameaçam paralisar as suas actividades nos próximos dias, caso o Conselho de Administração não aumente o salário na ordem dos 50%, sendo 25% este ano e a mesma percentagem em 2022.

 Em declarações à imprensa, em nome do conselho dirigido por Luís Teixeira, o assistente jurídico Aristides Sebastião manifestou o desejo de negociar com a comissão sindical

A comissão sindical apresentou ao Conselho de Administração da empresa ferroviária um caderno reivindicativo no qual constam 12 pontos a que gostaria de ver atendidos. Falando à TV Zimbo, o secretário da comissão sindical da empresa destacou, fundamentalmente, a cesta básica, que há mais de 17 meses os funcionários não recebem.

Mário Saculembe não entende as razões de tal cenário, uma vez que os recursos financeiros destinados à cesta básica são cabimentados pelo Ministério das Finanças e não dependem de receitas próprias da empresa.

“O que complica é ninguém receber a cesta básica. O dinheiro da cesta básica é cabimentado mensalmente. (…) O Estado é o accionista principal da empresa dos Caminhos-de-Ferro de Benguela. A justificação que a empresa dá não nos convence”, esclarece.

Bastante incisivo nas suas afirmações, o sindicalista acusa o conselho de Administração do CFB de revelar algum desinteresse em relação ao processo reivindicativo, na perspectiva de resolver o problema dos mais de mil trabalhadores, a julgar pelo facto de o mesmo se arrastar desde 2019.

“O processo não começou hoje. A entidade empregadora, muito sinceramente, nunca esteve interessada em resolver as preocupações dos trabalhadores, porque são preocupações muito simples. 99,9% dos benefícios do trabalhador são provenientes do OGE”, considera.

Neste sentido, caso não haja nenhuma resposta do Conselho de Administração, convocar-se-á a assembleia de trabalhadores, em sede da qual se decidirá sobre o avanço ou não da greve.

Direcção disposta a negociar Reagindo à ameaça de greve dos trabalhadores, o conselho de Administração do CFB manifestou-se disposto a negociar com os trabalhadores, tendo como interlocutora a comissão sindical.

Em declarações à imprensa, o assistente jurídico do conselho de administração, Aristides Sebastião, disse que só o diálogo entre as partes é determinante para se resolverem as questões todas apontadas no caderno reivindicativo e garante que a empresa está a responder a todas as preocupações dos trabalhadores.

Em relação à questão da cesta básica, “é uma questão que o conselho está a responder e penso que será bem esclarecida”, assegura o jurista.

No que respeita ao aumento salarial, o assistente jurídico do CFB garante ter havido, em 2019, uma negociação com a comissão sindical, na qual a empresa se comprometeu em aumentar o salário na ordem dos 38%, mas tal não se concluiu devido à crise económica, agravada com a questão da pandemia e, em consequência disso, houve “uma paralisação quer de passageiros, quer de mercadorias, influenciando negativamente para o aumento das receitas”, lamenta.

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