Segundo Mady Biaye, " o custo total desse investimento de 19 milhões de dólares por ano traria um benefício económico de 162 milhões de dólares por ano, ou seja, 8,4 vezes o retorno do investimento".
O responsável do FNUAP sublinhou que em Angola 51% da população, estimada em cerca de 36 milhões de habitantes, é do sexo feminino e cerca de 38% dos agregados familiares são chefiados por mulheres, e que em Angola a taxa de fecundidade é de 6,2 filhos por mulher, número que sobe para 8,2 filhos nas zonas rurais.
Mady Biaye lembrou também que 35% das adolescentes entre os 15 e 19 anos já tiveram uma gravidez, salientando que a promoção da igualdade de género é uma solução transversal para muitos problemas populacionais e em países com um rápido crescimento populacional, como o caso de Angola, com uma taxa de crescimento actual de 3%, a capacitação das mulheres através da educação e do planeamento familiar pode trazer enormes benefícios do capital humano e do crescimento económico inclusivo.
Angola, de acordo com Mady Biaye, fez "progressos consideráveis" em termos de empoderamento das mulheres e de igualdade de género.
"No entanto, acelerar o avanço da igualdade de género -- através do acesso à saúde sexual e reprodutiva e direitos reprodutivos, melhor educação, políticas laborais adequadas e normas equitativas no local de trabalho e em casa -- resultará em famílias mais saudáveis, uma economia mais forte e uma sociedade resiliente", expôs.
Os dados do Relatório da Situação da População Mundial 2023 revelam que existem em Angola aproximadamente dez milhões de meninas e mulheres em idade reprodutiva e que a taxa de mortalidade relacionada com a gravidez é de 239 mortes por 100 mil nados vivos.
"Quase quatro em cada dez mulheres casadas (38%) têm as suas necessidades não atendidas por planeamento familiar", sublinha-se no relatório sobre as ofertas de métodos contraceptivos.
No país, 60% das mulheres são alfabetizadas comparativamente com 84% dos homens, com 75% das meninas a frequentar a escola primária, mas esta proporção a desabar para os 15,5% no ensino secundário, altura que coincide com a idade da primeira menstruação.
No que se refere à violência sexual, o relatório salienta que 8% das angolanas com idades entre os 15 e os 49 anos já foi vítima deste crime pelo menos uma vez e que quase um terço (32%) das mulheres desta faixa etária sofreu violência física desde os 15 anos.