Portugal não quer reagir de uma forma que atire mais achas para a fogueira de Manuel Vicente
O caso Manuel Vicente continua a levantar varias vozes da política portuguesa, desta vez a voz da eurodeputada portuguesa Ana Gomes, é quem soou, para a eurodeputada as acusações feitas ao vice-presidente da República Manuel Domingos, estiveram na base do adiamento da vinda em Angola da titular da justiça em Portugal, e assegura que ‘’as autoridades portuguesas estão agir como deve ser’’ pelo facto de existir separação de poderes.
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‘’Não há dúvida nenhuma de que a visita da ministra, que estava programada e foi adiada à última hora, é uma consequência da reacção das autoridades angolanas’’, alegou Ana Gomes dizendo ainda em entrevista à DW África: ‘’Penso que as autoridades portuguesas estão a reagir como deve ser: com calma, sublinhando que há respeito pela separação de poderes em Portugal. Não cabe às autoridades portuguesas dizer à Justiça o que deve ou não deve fazer. A investigação do Ministério Público diz respeito a crimes que foram praticados em Portugal e que são muito graves, porque envolvem a corrupção de um procurador do MP que estava a investigar crimes de corrupção em que Manuel Vicente estava envolvido’’, frisou.

A eurodeputada defende a responsabilização dos envolvidos no processo, e afirma ‘’se Angola quer ser respeitada, também deveria respeitar o estado de Direito.’’

‘’Há quem diga que esta reacção de Angola tem a ver com a necessidade de o regime mostrar que não deixa que se constitua um precedente para lutar contra a corrupção em Angola e em Portugal. E há uma implicação entre a corrupção nos dois países. Tudo o que a Justiça portuguesa faça para pôr a nu os corruptos e os branqueadores de capitais que estão mancomunados em Angola e Portugal é muito importante para os dois países’’, disse.

Por causa deste momento de tensão na relação entre os dois países, Ana Gomes, crê que o Primeiro-Ministro português não visitará Angola este ano, mas garante que Portugal não quer pôr mais lenhas na fogueira de Manuel Vicente, pelo momento financeiro que Angola atravessa e da preparação para as eleições gerais marcada para Agosto. 

‘’Penso que Portugal não quer reagir de uma forma que atire mais achas para a fogueira. Tanto mais, porque sabemos do momento particularmente crítico que se está a viver em Angola, em resultado da crise económica, por ser também um período pré-eleitoral e com todas as tensões que isto implica na sociedade. Desde logo, na elite angolana, onde haverá, certamente, muita gente preocupada com o precedente que uma investigação deste género em Portugal pode - e deve - constituir para clarificar uma série de relações muito perniciosas entre os corruptos em Angola e em Portugal’’, disse.

Por outro lado, a eurodeputada disse ‘’é do interesse de Portugal que Angola não soçobre numa explosão de violência, que haja uma transição pacífica, que o país venha efectivamente a gozar de uma democracia em que todos tenham voz, em que haja respeito pelos direitos humanos e em que a justiça funcione. Não vamos contribuir de maneira nenhuma para agravar as relações, mas estar serenamente confiantes de que elas não podem ser afectadas por quem quer que seja e, sobretudo, por representantes de interesses cleptocratas e corruptos’’, concluiu.

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