Edifícios apreendidos pela PGR estão em estado de abandono
Numa altura em que milhares de cidadãos, sobretudo jovens, clamam por uma residência condigna e constituírem família, no condomínio Vida Pacífica, no Zango Zero, mais de 20 imóveis, apreendidos recentemente pelo Serviço Nacional de Recuperação de Activos da Procuradoria Geral da República, no quadro do combate à corrupção, encontram-se desabitados.

P U B L I C I D A D E

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Para averiguar o estado actual dos edifícios, uma equipa de reportagem deste deslocou-se, ontem, ao referido condomínio. De alguns moradores, apurou que 60 por cento dos prédios de oito andares encontram-se desabitados e abandonados. De tanto tempos votados ao abandono, cresce ao redor muito capim e, nalguns casos, plantas de forma desordenada.


“É lamentável e muito vergonhosa esta situação”, desabafou uma moradora do “Vida Pacífica”, que preferiu o anonimato. “Existem milhares de jovens que precisam de constituir lar, muitos antigos combatentes a pernoitar nas ruas, famílias a residir em casas de chapa, quando nesta urbanização, edifícios completos encontram-se às moscas”, lamentou a moradora, de cerca de 40 anos, que pediu sanções severas contra os prevaricadores.


Não foi possível verificar o interior, pois os apartamentos encontram-se fechados e, na sua maioria, prote
gidos por seguranças. Mas uma fonte do Jornal de Angola garantiu que muitas das habitações foram vandalizadas, tendo sido furtados vasos sanitários.


Creches, clubes e lojas edificadas no condomínio Vida Pacífica nunca funcionaram, quando poderiam beneficiar os moradores e minimizar custos com o pagamento desses serviços noutros locais mais distantes. Não fosse a visita do Presidente da República ao complexo escolar do Zango, esta também estaria encerrada até ao momento, como acredita quem lá vive.


Alguns moradores mostram-se agastados com a situação, salientando que muitas diligências foram efectuadas para que estes empreendimentos sociais funcionassem, mas não surtiram efeito.
A reportagem do Jornal de Angola percorreu, por vários minutos, algumas zonas e blocos do condomínio, que alberga perto de 100 edifícios. 


Os prédios apreendidos pela PGR encontram-se encerrados, com afixação de selos e placas da PGR. Por isso, nesta altura, não é permitido a qualquer cidadão aceder ao interior dos mesmos. Aos moradores dos edifícios apreendidos foi apenas solicitado que, nos próximos dias, procurem a administração para testar a veracidade da documentação.


Domingos Manuel, 35 anos, funcionário público e morador de um dos edifícios selados pela PGR, aplaudiu a medida da instituição judicial e elogiou o facto de as autoridades não terem convidado ninguém a abandonar o edifício. Mas defendeu um “pente fino”, para se apurar quem conseguiu a casa na urbanização através de documentos falsos.


Contudo, a vida na Urbanização Zango continua sem constrangimentos. A maioria dos cidadãos contactados pela nossa reportagem defende a divulgação dos nomes dos supostos donos dos edifícios apreendidos pela PGR e a tomada de “medidas severas” contra os prevaricadores.


Ainda ontem, a nossa reportagem deslocou-se à Urbanização Kilamba KK5000, onde, a exemplo da Urbanização Zango (Vida Pacífica), o Serviço Nacional de Recuperação de Activos da PGR apreendeu vários edifícios por concluir, nos quarteirões Q1,2,3,4,5,7,8,10,11,12 e 13, incluindo um grande estaleiro, antes tutelado por cidadãos chineses.


Tal como no Zango e KK5000, os estaleiros que suportaram a construção das duas urbanizações foram encerrados. Os cidadãos chineses que ali se encontravam foram convidados a abandoná-los e a retirar os seus pertences.

Fonte: JA

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