FILHOS FORA DA RELAÇÃO OFICIAL BENEFÍCIO OU MALEFÍCIO?
A sociedade angolana é composta, maioritariamente, por polígamos e bígamos, isto é, homens com duas ou mais mulheres, sem o reconhecimento da Lei, entretanto com famílias.

Esse fenómeno, nas sociedades de povos Bantu, é visto com maior normalidade, pois, em alguns casos, para ser considerado homem “com (H) maiúsculo”, deve se ter duas ou mais relações, e destas relações, normalmente, saem filhos, filhos estes que constituirão famílias, serão pais e mães e poderão ser o núcleo da sociedade.

A questão que eu levanto é: quais são os benefícios e malefícios de termos filhos fora da relação oficial?

A Bíblia retrata no livro de Génesis 9:7: 

“Quanto a vós, sede fecundos, multiplicai-vos, povoai a terra e dominai-a”, essa é a orientação de Deus em relação aos seres humanos, isto é, constituir família, e formar família indica fazer filhos, mas, na minha opinião, devemos fazer filhos e constituir uma só família, apesar de que muitos angolanos estejam a fazer filhos fora de casamento ou relacionamento oficial, tendo várias razões, dentre elas: problemas na relação em que estão, aspectos culturais, morte da esposa e às vezes por descuido, pois por uma aventura ou relação ocasional, acabam por engravidar fora.

Para mim, o único benefício, “entre aspas”, que há em termos filho/os fora do relacionamento oficial é que estamos a gerar vidas, estamos a “fazer” seres que podem mudar alguma coisa na sociedade, estamos a cumprir o que Deus falou, por isso, aconselho a termos calma, a sabermos e termos a certeza do que queremos, termos a certeza com quem estamos a nos envolver, filho é coisa séria. A par do benefício acima citado, já não vejo nenhum, só vejo malefícios e passo a citar:

  • 1. Gastos elevados – normalmente, pais com filhos fora da relação tendem a ter muitos gastos diários e mensais, isso porque o nível de despesa é maior, e envolve gastos na alimentação, na escola, materiais didácticos, no vestuário e outros.

  • 2. Desequilíbrio no afecto – normalmente, pais com filhos de duas ou mais relações têm dificuldades em dar afecto do mesmo modo.
  • 3. Ausência – normalmente, pais que têm filhos em duas ou mais relações são ausentes, parto do pressuposto de que, enquanto seres humanos não conseguimos ficar em dois lugares ao mesmo tempo, uma vez que a nossa natureza não permite, visto que não somos omnipresentes, e, por causa desse defeito, de não sermos omnipresentes, faz com que estejamos presentes em algum lugar e ausentes em outro, e isso nos faz não ter o controlo das coisas, essa lacuna é, muitas vezes, suprida pela mãe que vai desempenhar um papel crucial na educação, sobretudo, na parte afectiva.
  • 4. Inimizade – por causa da ausência e desequilíbrio no afecto, há irmãos que têm estado a ser inimigos, pois os pais com duas ou mais famílias não conseguem dar afecto da mesma forma aos filhos, há sempre uns mais beneficiados e outros menos, e isso faz com que haja inimizade e inveja entre os filhos, acabando em muitos casos em conflito entre eles.

Não quero que pensem que estou a dizer que em todos os casos de pais com duas famílias há todos esses factores, não! mas, se repararmos há um ou outro sempre presentes, quero, porém, que reflictamos, pois, se repararmos bem, a maior parte das gravidezes na adolescência, de pessoas no mundo das drogas, da prostituição e do crime vêm de famílias desestruturadas, normalmente de pais com duas ou mais famílias, pois a maior parte deles, nessa condição, não conseguem fazer o seu verdadeiro papel, isso faz com que haja esses problemas nas famílias angolanas, que a cada dia têm se multiplicado. 

Em gesto de conclusão, quero aconselhar os homens a evitarem ao máximo relações extraconjugais, primeiro porque constitui adultério perante Deus e depois, porque podemos ter filhos que só trarão prejuízos a nós e a sociedade, isso por nossa culpa, e por último, porque enquanto pais somos exemplos, e se nós fizermos isso, que moral teremos para repreender os nossos filhos, quando estiverem a fazer a mesma coisa? 

Quero, ainda, deixar um conselho aos que já têm filhos em duas ou mais relações, não constituam mais, parem, reflictam, tentem ser mais presentes e distribuírem de forma justa e igual o afecto e os bens materiais, para que haja união e companheirismo entre os filhos, lembrem-se de que, só teremos uma boa sociedade, se tivermos famílias bem instruídas.

Texto de Youran Mandonga – Licenciado em Língua Portuguesa e Comunicação

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