A deliberação partiu da reunião conjunta das Comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros, realizada a 22 de Setembro último. Comecemos por explicar este facto definindo um conceito básico em Economia: o oligopólio.
Oligopólio é uma situação de concorrência imperfeita em que um grupo restrito de empresas detém o mercado de um determinado produto ou serviço. As empresas deste grupo restrito tendem a coligar-se, formando um cartel, que influencia e controla a formação de preços. Por serem empresas circunstancialmente fortes, jogam de influência para criar entraves a entrada de empresas concorrentes no mercado, chegando muitas vezes até a influenciar o poder político.
Portanto, o mercado de telefonia móvel em Angola é claramente um oligopólio dominado pelas empresas Unitel e Movicel.
Na base de argumentação da subida do preço da UTT, pelo Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, está o trade offentre as empresas deixarem de prestar o serviço e, ou subirem o preço destes serviços para fazer face ao aumento do custo de produção. Assim, aumenta-se o preço da UTT em quase 40%, mais precisamente 38,88%.
A primeira questão que surge à cabeça é: mas afinal o Ministério citado tem como prioridade a defesa dos interesses do comum cidadão,ou destas empresas?
Ao olho nú observa-se que no leque empresarial angolano, as empresas de telefonia móvel são as que mais facturam. Uma equação bastante simples revela como uma empresa obtém a sua rentabilidade sobre as vendas:
Margem Bruta de Vendas = Volume de Vendas – Custo de Existências Vendidas e Consumidas
Temos a certeza que o volume de vendas das empresas Unitel e Movicel, as únicas a actuar no mercado, supera ainda o aumento do custo mencionado pelo Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação. O aumento em quase 40% do preço de venda é justificado unicamente pelo facto destas empresas não quererem ver diminuído um cêntimo da sua margem bruta de vendas.
Pena é que a cultura do consumo em Angola está ainda limitada ao ver, ouvir, calar e continuar a comprar.
Ninguém além dos próprios consumidores poderá pressionar empresas oligopolistas a praticarem um preço mais justo, ninguém além dos próprios consumidores.
Texto de: Paulo Gamba / Fonte: J. Intelectus