Tiro no Prodesi - Importações disparam 46% para 1,2 mil milhões e exportações só 36,7 milhões
Aumento das importações de bens alimentares em ano eleitoral e inflação lá fora fez disparar o valor das compras ao estrangeiro. Arroz foi o produto mais importado. Produtos da diversificação económica só "renderam" 36,7 milhões USD em exportações, com as garrafas e o clinquer a ser as mercadorias mais vendidas lá para fora.

As importações de mercadorias, no âmbito do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), dispararam 46% para 1,2 mil milhões USD, enquanto as exportações angolanas aumentaram apenas 3,0%, entre Janeiro e Julho de 2022, face a igual período do ano passado. O petróleo não está contabilizado nestas contas. Estes valores contrastam com os do ano passado, em que nos primeiros sete meses, as empresas angolanas importaram bens diversos no valor de 819,7 milhões USD e a exportações, no mesmo período, fixaram-se em 35,7 milhões USD, indicam as estatísticas do comércio externo da Administração Geral Tributária (AGT), publicadas recentemente.

Contas feitas, de Janeiro a Julho de 2022, as trocas comerciais (exportações mais as importações) de Angola, no âmbito do PRODESI, aumentaram 44% para 1.233,1 milhões USD, com o saldo comercial a ficar negativo, fixando-se nos 1.159,7. Durante o período em análise Angola exportou mercadorias da chamada diversificação económica no valor de 36,7 milhões USD, representando uma subida de 3,0% comparativamente ao mesmo período de 2021, quando o País exportou produtos no valor de 35,7 milhões.

As estatísticas da AGT sobre o comércio externo, no âmbito do PRODESI, não incluem os produtos petrolíferos, que representa actualmente mais de 90% do valor das exportações do País. A AGT não indica as zonas de destino das exportações, nem a origem das importações angolanas. No entanto, dados da Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola (Arccla), referentes ao I trimestre de 2022, indicam que da carga certificada neste período, a Ásia liderou os destinos das exportações angolanas, seguindo-se a Europa, África e a América do Norte. Entretanto, o comércio com o continente africano, de acordo com o INE, no ano passado, representou apenas 5,0% do total das trocas comerciais de Angola com o mundo.

Aqui, segundo o INE está incluído o petróleo pelo que os números poderão ser diferentes, até porque a RDC recebe muitas das reexportações angolanas. Não é um tema novo, mas um eventual aumento das exportações de produtos angolanos para o mercado africano, com destaque para a região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), de acordo com os empresários e economistas, representaria uma oportunidade para as empresas angolanas escoarem a sua produção e aumentarem a competitividade.

José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), disse recentemente que o cimento e fertilizantes são os produtos mais procurados na SADC e as empresas angolanas podem investir na produção destes e outros produtos para aumentar as exportações. Na altura, lembrou que a distância física entre os países é um factor que pode facilitar o crescimento do comércio angolano, principalmente com a RD Congo, África do Sul, Congo Brazzaville e o Togo, os parceiros económicos africanos mais importantes do País.

Olhando para os mercados de proximidade, o gestor defende, por isso, que o País deve aproveitar mais o comércio de proximidade geográfica para potenciar as suas exportações, tendo em conta a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), cuja implementação começou em 2021 e ao qual Angola já se comprometeu a aderir, encontrando-se agora a trabalhar na revisão da taxa aduaneira continental. O objectivo, segundo fontes do Expansão, é o de potenciar o País para intensificar as trocas comerciais com os parceiros africanos.

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