Subida do preço do petróleo é a última oportunidade de Angola desenvolver
Aquele que será o ano que dará início do declínio do consumo de petróleo devido à aposta nas renováveis, 2030, está já à porta e especialistas admitem que esta é a última oportunidade para meter o crude a financiar a diversificação. Depois disso vem um ciclo de preços baixos e diversificar será bem mais difícil.

O preço do barril de petróleo (Brent) referência para as exportações angolanas fechou esta sexta-feira a 112,65 USD, valor mais alto dos últimos 14 anos, e os especialistas acreditam que Angola pode estar diante de uma das últimas oportunidades para arrecadar receitas para acelerar a tão adiada diversificação da economia. Isto porque 2030 está já aí e é a partir dessa data que os países em desenvolvimento deverão começar a diminuir a compra de crude devido à aceleração do desenvolvimento das renováveis.

Grandes petrolíferas, como a Shell, também já admitem esta diminuição na procura a partir dessa data, o que terá como consequência a queda dos preços num caminho de queda praticamente sem retorno. Nesse sentido, especialistas nacionais admitem que é hora de aproveitar as receitas da alta dos preços para por fim à "doença holandesa".

Em Angola, duas correntes levantam-se nesta fase de alta dos preços: a dos economistas, que acreditam que esta é, senão a última, pelo menos uma das raras oportunidades que o país tem para aproveitar as receitas do petróleo para acelerar a diversificação da economia. Já os analistas do sector petrolífero são mais optimistas e acreditam que o ciclo de alta de petróleo vai acelerar os investimentos há muito adiados, garantindo, desta forma, receitas para o Estado muito além de 2030.

Economistas mais pessimistas

Até 2050 prevê-se que aquele que é o principal produto de exportação da economia angolana vai cair dos actuais 70% do mix energético mundial (género de medidor das energias utilizadas) para 50%. E por isso os preços vão tender a ser mais baixos já a partir de 2030. Perante este cenário, economistas acreditam que não se vai voltar a ter ciclos de preços elevados do petróleo acima dos 100 USD depois dos próximos oito anos.

Para o economista Alberto Vunge, "é muito difícil prever o comportamento do preço do petróleo nos próximos 15 anos já que em linha com o que defendem os especialistas, o petróleo é 90% geopolítica e só 10% economia". Por isso, admite, "é difícil confirmar que o pico do petróleo ocorra de facto em 2030". Mesmo assim, o economista defende que o país não deve arriscar para ver se se confirma ou não o surgimento de uma nova vaga de preços altos além desta e, por isso, deve aproveitar esta oportunidade de preços altos para encaixar recursos financeiros que deverão ser utilizados para acelerar a diversificação da economia.

Para Vunge, há dois caminhos para acelerar a diversificação da economia por via das receitas provenientes da exportação de petróleo. Sendo o primeiro por via da utilização da receita petrolífera para o financiamento de programas voltados para a diversificação da economia e o segundo por via da criação de um fundo de estabilização macro- -económica que deverá servir para suportar o país em tempos de preços baixos do petróleo.

Outro economista, Augusto Fernandes, corrobora que esta é de facto a última grande oportunidade do país para utilizar a receita proveniente da alta de preços do petróleo para diversificação da economia. O economista acredita que este ciclo de alta de preços deverá manter-se manter mesmo que a guerra termine nos próximos 30 dias. "Prevejo que este ciclo de alta vá durar pelo menos um ano e meio a dois anos, este é o prazo que o Executivo tem para encaixar receitas elevadas com a exportação do petróleo neste ciclo de alta de preços e este valor deve ser utilizado para, entre outras coisas, acelerar a diversificação da economia", adianta.

Quanto tempo durará esta alta de preços é uma incógnita, no entanto, há que ter em conta que a alta dos preços do petróleo deverá provocar uma recessão económica a nível mundial, reduzindo a procura e provocando uma queda dos preços desta commodity.

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