Segundo o secretário-geral do Sintape, Abreu Cahanda, os agentes de protecção escolar, em Luanda, "continuam a sofrer baixas”, no confronto com os ladrões, porque "trabalham em reduzido número, um ou dois, em escolas de grandes dimensões”.
"E o mais agravante, sem alimentação, com uma carga horária de três a quatro dias no posto. Então, quando os meliantes chegam, eles não têm tido muita reacção para dar resposta”, afirmou Abreu Cahanda, em declarações à Rádio Luanda.
Um estatuto sobre o funcionamento dos agentes de protecção das escolas públicas em Luanda, disse o dirigente sindical, está em posse do Governo, mas, observou, tarda em ser aprovado pelas autoridades. "Até agora não é aprovado, não sabemos o porquê. Negociámos dia 26 de Maio passado, mesmo assim continuamos a registar mortes de agentes. Na passada semana, perdemos mais um agente apedrejado e com golpe de facas, outros são encontrados mortos nas escolas”, lamentou.
Os assaltantes, frisou Abreu Cahanda, "estão a surgir, levam inclusive as armas de fogo em posse desses seguranças”. "Estamos a ver que isso só está a acontecer porque não estamos a cumprir com as orientações do estatuto em posse do Governo e a falta de um concurso público”, comentou.
Para o secretário-geral do Sintape, a construção de novas escolas nos nove municípios de Luanda "não tem sido acompanhada” de um concurso público de ingresso de agentes, situação que "reduz a força de trabalho nas escolas antigas”. "Foram tirando (agentes de segurança)”, notou, comentando que, antes, cada escola tinha cinco homens e actualmente tem apenas um ou dois.
Em relação à falta de alimentação e de outras condições laborais dos agentes de protecção escolar, o responsável sindical falou em "falta de vontade” do Gabinete Provincial de Educação de Luanda.
"Temos seguranças com 77 anos nos postos, há três dias sem comida e estão totalmente debilitados”, lamentou.
Abreu Cahanda manifestou-se, também, preocupado com o próximo ano lectivo, que considera "estar comprometido”, devido ao défice de efectivos nas escolas, quando mais de 300 filiados, ex-militares, já atingiram a idade da reforma.
"Está a precisar-se de uma reforma com urgência, porque a força de trabalho terminou. Foram ex-militares, hoje (estão) cansados e não vão à reforma. Estamos a ver que o Governo não consegue retirá-los, porque senão as escolas ficam desguarnecidas, (mas) não há apoios de alimentação, uniformes e tudo”, sublinhou o líder do Sintape.