Sanções sobre interesses russos pressionam mudanças no sector mineiro
A relevância da Alrosa, empresa estatal russa que actua no sector diamantífero, ao nível do comércio internacional coloca em risco os seus investimentos em Angola. Sociedade Mineira de Catoca realiza uma assembleia-geral na próxima terça-feira que vai trazer novidades.

As pressões da comunidade internacional relacionadas com os investimentos russos em Angola, nomeadamente no sector diamantífero, continuam a aumentar e ameaçam provocar mudanças nas empresas que actuam no mercado nacional. Neste cenário, a mina de Catoca, onde a estatal russa Alrosa detém 41% do capital, poderá ser uma das mais afectadas.

Na próxima terça-feira, 28, a Sociedade Mineira de Catoca (SMC) realiza uma assembleia-geral de accionistas onde poderão ser efectuadas mudanças na estrutura da empresa. No entanto, segundo foi possível apurar, por enquanto não estão em cima da mesa alterações ao nível da equipa de gestão ou da estrutura accionista. Mesmo assim, o contexto indicia que vão ser tomadas decisões importantes nos próximos dias.

Na última semana, uma informação do Financial Times entretanto confirmada publicamente, anunciou uma alteração ao nível dos accionistas que pode ter influência no desfecho e nas decisões tomadas na assembleia-geral da próxima terça-feira. Neste momento, a Sociedade de Catoca tem apenas dois accio[1]nistas, o Estado angolano (com 59%) e os russos da Alrosa (41%). Os 18% que estavam em posse da China Sonangol com a designação LLI International (participação que já pertenceu ao magnata israelita Lev Leviev) estão agora sob responsabilidade do Instituto de Gestão de Activos e Participação do Estado (IGAPE), o que coloca o Estado numa posição maioritária pela primeira vez na história da SMC.

A China Sonangol é uma empresa associada a Manuel Vicente, ex-presidente do Conselho de Administração da Sonangol e actual deputado pelo MPLA, e aos generais Kopelipa e Dino, mas também ao sino-angolano Sam Pa do Queensway Group e CIF - China International Fund. Vários negócios associados ao CIF foram arrestados pela justiça angolana desde 2017.

Não se espera que o País hostilize a posição relevante de um operador como a Alrosa, que está em Angola desde a década de 1990 (uma altura onde investir no País era ainda mais complicado), sobretudo quando existem relações políticas muito próximas entre Angola e a Rússia. No entanto, uma eventual crise na gestão da SMC pode obrigar o Governo a tomar outras decisões, até porque as sanções internacionais tendem a limitar a comercialização de diamantes provenientes de Catoca.

A Alrosa é o maior operador do mundo e responde por mais de 30% do comércio internacional. Mas as sanções devido à guerra na Ucrânia retiraram o apetite por diamantes associados a investimentos russos. "Há revendedores nos EUA que não querem comprar diamantes russos - é a opção deles", disse, em Abril, Bruce Cleaver, presidente do Conselho de Administração da De Beers, quando esteve em Luanda para confirmar o regresso da multinacional ao País.

"Neste momento somos obrigados a garantir e a demonstrar que os diamantes que vendemos não são de origem russa. Isto não é fácil de concretizar, especialmente no caso de pedras mais pequenas. Tudo o que limita a confiança dos clientes não é bom para o mercado e a De Beers está a trabalhar em soluções adequadas", disse o gestor naquela altura.

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