Rafael Marques pede aos angolanos para não permitirem isso. "Porque temos capacidade e inteligência para dizer: não é este o caminho", sublinha.
Com o novo mandato ainda a começar, Marques avisa que, para já, não é tempo de se pensar nas eleições autárquicas – nas quais a oposição espera poder sancionar o partido no poder. Para o jornalista fundador do site "Maka Angola", o que os "cidadãos têm de fazer, se [querem] um país diferente, é mobilizar as suas forças críticas".
"Se estamos a acusar o Presidente de ter desrespeitado a inteligência dos cidadãos com a nomeação deste Governo, não vamos nós, enquanto cidadãos, apostar na burrice para combater a falta de inteligência do Executivo. Este Governo é francamente mau, mas a sociedade civil e a oposição não podem ser piores", diz o ativista.
Na opinião de Marques, para já a prioridade é pensar nas questões que dificultam cada vez mais a vida dos angolanos, como a fome e o desemprego. "Não serão as autarquias que gerarão empregos, mais saúde, mais educação. É só olhar para a própria Constituição e perceber que as autarquias serão apenas a nível municipal; não serão sequer a nível provincial nem comunal", explica.
Lamenta, por conseguinte, que, com as recentes nomeações de ministros e governadores, o Presidente João Lourenço tenha provado que o país voltou ao período da impunidade.
Rafael Marques diz, por outro lado, a propósito dos protestos e perseguições de ativistas, que "não faz sentido estar a prender pessoas". Mas afirma que se "a única aposta que há da parte da sociedade é fazer protestos nas ruas para mudar a situação, nada vai mudar."