Pobreza extrema em Angola é mais grave do que se pensa apesar dos vários programas
As assimetrias regionais acentuadas pela situação económica do País e pelo elevado crescimento demográfico agravam a situação de pobreza das populações, que tardam em recolher os benefícios dos diversos programas criados para alterar a actual situação. Angolanos estão a viver menos tempo e estão cada vez mais pobres.

O problema da pobreza extrema no País é ainda mais grave do que imaginamos, a conclusão é da Organização Não Governamental (ONG) Acção Para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), e consta no seu relatório sobre a execução do Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP), referente aos anos 2019-2020, publicado recentemente em Luanda.

O documento da ONG teve como base apenas três dos 164 municípios onde está a ser desenvolvido o programa, nomeadamente Cacuso (Malange), Bailundo (Huambo) e Ganga (Benguela), com a ADRA a justificar com a dificuldade na obtenção de informações juntos das administrações locais responsáveis pela aplicação e gestão da PIDLCP, falta de recursos humanos e também dificuldades financeiras para chegar a todo o País.

A questão da pobreza tem vindo a acentuar-se e as causas são várias, com a principal a incidir no facto de a população estar a crescer a uma média de 3% ao ano, ao mesmo tempo que o País enfrentou cinco recessões económicas consecutivas iniciadas em 2016 e apenas ultrapassadas em 2021.Ou seja, a população está a crescer acima do crescimento económico, o que faz com que Angola tenha estado a criar cada vez mais população pobre nos últimos anos já que a economia não tem tido capacidade para criar empregos para fazer face ao forte crescimento populacional.

"Num cenário como este, em que a pobreza cria incapacidades de avanço, somente um grande suporte financeiro se apresenta como alavancagem, daí que o orçamento destinado ao combate à pobreza não pode ser poupado e precisa estar acima de 1,25 USD por pessoa", defende a ADRA. De acordo com o INE, comparativamente à última década, os níveis de pobreza monetária e multidimensional aumentaram para 41%, ou seja, 4 em cada 10 angolanos vive na pobreza monetária, isto é, com menos de 2 USD por dia, agravando assim os problemas de pobreza e fome.

Criado em 2018 com o objectivo geral de contribuir para a redução da pobreza e contribuir para a promoção do desenvolvimento humano e bem-estar dos angolanos, com inclusão económica e social a nível local, o Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza, atribuiu mensalmente a cada um dos 164 municípios do País o valor de 25.000.000 Kz, num total de 300.000.000 Kz anualmente.

Contas feitas, actualmente este programa custa 49,2 mil milhões Kz anuais (164 municipios a 300 milhões Kz anuais cada), o que, tendo em conta que Angola tem cerca de 33,1 milhões de habitantes, dá um gasto médio de 1.487 Kz anuais por cada cidadão.

Esta verba é considerada pelos administradores municipais como insuficiente para combater a pobreza nas localidades. "Este valor não chega e nem resolve metade dos problemas dos municípios. Não podemos esquecer que as agruras variam e nem todas a localidades têm as mesmas dimensões. E o valor é igual para todos independentemente das particularidades de cada um", disse ao Expansão um administrador municipal.

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