Pelo menos 50 mortos na repressão das manifestações no Irão
Pelo menos 50 pessoas foram mortas no Irão em manifestações, reprimidas pelas forças de segurança, contra a morte de uma jovem após a sua detenção pela "polícia de moralidade", indicou hoje a ONG Iran Human Rights.

Pelo menos 50 pessoas foram mortas no Irão em manifestações, reprimidas pelas forças de segurança, contra a morte de uma jovem após a sua detenção pela "polícia de moralidade", indicou hoje a ONG Iran Human Rights (IHR).

Segundo a organização, sediada em Oslo e que na quinta-feira emitiu um balanço de 31 mortos, seis pessoas foram mortas por disparos das forças da ordem na noite de quinta-feira na cidade de Rezvanshahr, província de Gilan (sul), e outras mortes foram registadas em Babol e Amol (norte).

A organização não governamental (ONG) referiu-se a manifestações em cerca de 80 localidades do país ao longo da última semana.

A jovem Mahsa Amini, de 22 anos, foi detida na terça-feira passada pela designada "polícia de moralidade" de Teerão, onde se encontrava de visita, por alegadamente trazer o véu de forma incorrecta e transferida para uma esquadra com o objectivo de assistir a "uma hora de reeducação".

Morreu três dias mais tarde num hospital onde chegou em coma após sofrer um ataque cardíaco, que as autoridades atribuíram a problemas de saúde, versão rejeitada pela família.

Desde então multiplicaram-se os protestos em pelo menos 20 cidades e milhares de manifestantes antigovernamentais e forças de segurança entraram em confrontos, naqueles que são já considerados como os distúrbios políticos mais graves no país desde 2019.

A televisão estatal referiu hoje que o número de mortos nos distúrbios desta semana pode chegar a 26, mas diversos grupos de direitos humanos dizem que foram mortas centenas de pessoas nas manifestações.

O Irão suspendeu o acesso à internet e apertou as restrições nas redes sociais mais usadas para organizar manifestações, como o Instagram e o WhatsApp.

Milhares de iranianos juntaram-se hoje em Teerão numa manifestação de apoio às autoridades, após quase uma semana de protestos contra o Governo pela morte de uma jovem que estava detida pela polícia de costumes.

A manifestação realizada em Teerão foi seguida de outras demonstrações de apoio às autoridades em várias regiões do país, onde se podia ver bandeiras iranianas, e que foram classificadas como "espontâneas" pelo Governo.

Os manifestantes pró-governo gritaram contra os Estados Unidos e contra Israel, segundo relatou a comunicação social estatal, reflectindo a posição oficial de que são os países estrangeiros que estão a fomentar os distúrbios dos últimos dias.

ONU apela ao Irão que se abstenha do uso de força desnecessária em protestos

As Nações Unidas estão preocupadas com relatos de violência contra protestos pacíficos no Irão, apelando às forças de segurança do país "que se abstenham de usar força desnecessária e desproporcional", disseram hoje fontes oficiais

As Nações Unidas (ONU) estão preocupadas com relatos de violência contra protestos pacíficos no Irão, apelando às forças de segurança do país "que se abstenham de usar força desnecessária e desproporcional", disseram hoje fontes oficiais.

"Obviamente, estamos a acompanhar a situação muito de perto. Inclusive, o secretário-geral [da ONU, António Guterres] reuniu-se com o Presidente [do Irão, Ebrahim] Raisi na quinta-feira. Foram levantadas uma série de questões, incluindo as de direitos humanos", disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, no seu encontro diário à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.

De acordo com Dujarric, as Nações Unidas estão "preocupadas" com os relatos de protestos pacíficos a serem enfrentados pelo uso excessivo da força, que levaram a dezenas de mortos e feridos.

"Apelamos às forças de segurança para que se abstenham de usar força desnecessária e desproporcional e apelamos a todos que exerçam moderação para evitar uma maior escalada", exortou.

Nos seus apelos direccionados às autoridades iranianas, o porta-voz de Guterres pediu que sejam respeitados os direitos e a liberdade de expressão, reunião pacífica e associação, assim como os direitos das mulheres.

"Apelamos a que sejam tomadas medidas adicionais para eliminar as formas de discriminação contra mulheres e meninas e implementar medidas eficazes para protegê-las de outras violações de direitos humanos de acordo com os padrões internacionais", declarou o porta-voz.

Por último, Stéphane Dujarric reiterou o apelo do Alto-comissário para os Direitos Humanos sobre a necessidade de uma investigação imparcial e eficaz sobre a morte de Mahsa Amini, jovem de 22 anos que morreu após ser detida pela "polícia de moralidade" no Irão.

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