"Ninguém devolveu o dinheiro roubado"
O presidente cessante do maior partido da oposição, falou ontem sobre a sua visão da governação de João Lourenço, apontando criticas e bem feitos do presidente da república

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“Tais, objectivos, saliente-se a consolidação em Angola de um verdadeiro Estado de Direito e a alteração da estrutura económica de Angola, com mudanças estruturais profundas e alterando profundamente o paradigma da governação. Só assim as coisas vão correr bem”, disse Samakuuva quando reagia ao discurso do Presidente da República, na abertura do ano legislativo no dia 15 deste mês.

Isaías Samakuva chamou a crise política, “sinuosa” e que João Lourenço não referiu na sua mensagem à Nação.

"Nos termos da Constituição, compete ao Presidente da República, enquanto titular do Poder Executivo, definir a orientação política do País. Ele fez esta definição quando transformou o mote “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem" em política pública com ênfase no combate à corrupção e à impunidade”, referiu.

"Aprovou-se a Lei do Repatriamento Voluntário de Capitais, surgiram os primeiros processos, seguiram-se as primeiras prisões e o País alimentava a esperança de que, desta vez, a mudança tivesse chegado. Porém, a reação não se fez esperar. As forças de bloqueio assustaram-se, mas ninguém devolveu o dinheiro roubado", lamentou.

O presidente da UNITA contestou se vai o Presidente da República responder "completamente aos anseios dos angolanos por uma mudança efectiva do sistema, com o objectivo de salvar Angola, ou vai limitar-se a atacar alguns dos sintomas com o objectivo de salvar o MPLA"

"Vai o Senhor Presidente da República adoptar uma estratégia própria para libertar o Estado das armadilhas da oligarquia, ou vai mantê-lo capturado pelo sistema instalado pelo seu antecessor?", insistiu.

Para si nos últimos nove meses, as medidas correctivas para a estabilização da economia afectaram mais negativamente os parcos rendimentos dos cidadãos do que os milionários rendimentos da oligarquia.

"Os preços sobem todos os dias, os salários não crescem, o desemprego aumenta e o Kwanza desvalorizou 43% em relação ao dólar americano. Como sobremesa, surgiu o IVA talvez num momento pouco amistoso", lamentou.

Apontou que "as forças de bloqueio que estão no Governo, nos tribunais, na banca, na academia, em todo o lado, saíram da toca, reorganizaram-se e querem atacar".

"Há relatos de que sabotam as estratégias do Presidente, enganam o Presidente, fornecem-lhe informações falsas, ora sobre o nível de execução de programas aprovados, ora sobre o apetrechamento de mediatecas, ora sobre a situação financeira e social do País real", referiu.

Referiu que as forças de bloqueio querem "aproveitar-se dos efeitos nocivos dos roubos que eles orquestraram e da recessão económica que eles mesmos alimentaram para denegrir a imagem do Presidente da República e minar a sua autoridade".

"Para a grande maioria dos angolanos, o Presidente parece ter abrandado a intensidade da sua luta contra as forças de bloqueio à mudança ou então decidiu conviver e negociar com elas", duvidou.

Acrescentou que "nesse processo de resistência à nova orientação política do País, as forças de bloqueio reconfiguraram as alianças e procuraram novos aliados, alguns dos quais ancorados nas próprias estruturas do poder do Estado e também no seio dos partidos da oposição e da sociedade civil".

Isaías Samakuva reconheceu que o Presidente João Lourenço "ouviu o clamor do povo por mudança e teve a coragem de denunciar e combater práticas antipatrióticas do seu próprio partido e adoptar a agenda da mudança defendida pela UNITA e pelo povo".

NJ

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