Nas clínicas de Luanda os preços altos preocupam utentes, especialmente os de internamento
O INADEC tem recebido poucas queixas relacionadas aos preços praticados pelas clínicas, mas revela que há neste momento um caso em tribunal.

Numa ronda a oito das maiores clínicas privadas da capital do país, vários clientes revelaram que os preços das consultas normais estão muito altos, muitas vezes incomportáveis para as bolsas dos cidadãos. Cinco destas pessoas explicaram que há clinicas em que os preços das consultas excedem o salário mínimo nacional, mas à falta de um melhor serviço nacional de saúde, a opção acaba por ser tratar da saúde nos privados, ainda que algumas delas, como a Sagrada Esperança, na ilha, tenha uma afluência enorme de pessoas que chega a parecer um hospital público, com longas horas de espera.

Um deles, Eduardo Leal, que se encontrava à entrada da clínica Sagrada Esperança - Endiama, revelou que está já há dois anos a pagar uma dívida de 240 mil dólares na referida unidade hospitalar, contraída quando a sua falecida esposa esteve internada por quase quatro meses por uma patologia que preferiu não revelar. "Aqui os gastos são muito altos, principalmente para quem não tem nenhum seguro, como foi o nosso caso. Desde finais de 2019 até hoje continuo a pagar a dívida contraída quando a minha mulher esteve internada aqui", relatou.

O engenheiro de construção civil, Porfírio de Moura é um outro utente, que colocou gesso no pé direito por conta de um entorse que sofreu no serviço. Se por um lado reconhece a dignidade que as clínicas privadas oferecem aos clientes, por outro, aponta falta sensibilidade por parte das clínicas por causa, segundo referiu, dos preços altos que cobram. Revela que pagou 140 mil Kz pela medicação que lhe foi prestada. Realçou que "algumas clínicas em Angola aproveitam-se da fragilidade de saúde do doente para explorarem os bolsos dos clientes. Gasta-se muito dinheiro para tratar da saúde e ter um atendimento digno", disse.

Entretanto, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (o INADEC) tem recebido poucas queixas relacionadas com as clínicas. De acordo com o director-geral adjunto do INADEC, Wassamba Neto, "a instituição recebe mais queixas dos serviços médicos relativamente ao uso de medicamentos com prazos expirados, muito tempo de espera para as consultas e má qualidade na prestação serviços". Por causa destas e outras irregularidade, a instituição de defesa do consumidor, sem revelar o nome da unidade hospitalar, confirmou ter um caso que segue em tribunal.

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