Isais Samakuva: A economia ficou prostituída
Na réplica ao discurso sobre o Estado da Nação, proferido nesta segunda-feira pelo Presidente da República, o presidente da Unita Isaías Samakuva, refutou e questionou o discurso de José Eduardo dos Santos, considerando que o país está doente, a crise que devasta o país é consequente das más políticas traçadas pelo governo angolano e não da baixa do preço do petróleo no mercado internacional.

O nosso País está muito doente e enfrenta graves desequilíbrios regionais estruturais, uma crise de identidade sem precedentes, uma crise social, uma crise institucional e uma crise financeira. O país está sendo dirigido por uma equipa com políticas falhadas, que escapa ao controlo dos cidadãos. A fragilidade do Estado ficou demonstrada pelas debilidades do sistema de saúde, pela institucionalização dos crimes de suborno, peculato, branqueamento de capitais e corrupção, pela não responsabilização dos agentes públicos envolvidos, pela incapacidade generalizada de prestar serviços básicos à população e de cumprir satisfatoriamente as tarefas fundamentais do Estado estabelecidas pela Constituição,’’ disse o responsável.

O líder da Unita acrescentou dizendo que, ‘’a baixa do preço de petróleo no mercado internacional veio provar que a estrutura da economia política angolana é insustentável e que a crise actual é o resultado dos erros acumulados da gestão danosa dos recursos públicos ao longo dos anos. O sistema financeiro está desacreditado porque tanto facilita os roubos ao erário público, a fuga de capitais e lavagens de dinheiro, como não tem liquidez e não garante o acesso legítimo às divisas à esmagadora maioria dos angolanos.’’

Isaias Samakuva afirmou ainda que o presidente da República demonstrou mais uma vez desconhecer a realidade do país, bem como não esclareceu ao povo angolano sobre o destino dos milhões que estavam em posse do Parlamento. ‘’O Presidente que trouxe a crise foi ao Parlamento fazer mais um discurso à Nação, mas ainda não foi desta vez que revelou ser conhecedor da situação do País que governa. De forma muito tímido deixou alguma esperança no que diz respeito a alguns sectores da vida do País, mas não obstante reiterados pedidos, Sua Excelência o Presidente da República não explicou à Nação o paradeiro de cerca de cento e trinta mil milhões de dólares da reserva estratégica que o Parlamento criou e colocou sob sua guarda, de 2011 a 2014, para acudir os efeitos do choque do preço de petróleo quando este ocorresse. Nem disse até onde e como o país está endividado’’.

Quanto ao índice de desenvolvimento, o líder do maior partido da oposição disse, ”as famílias sentem apenas que os preços é que estão a subir, a dívida pública é que está a subir, a corrupção é que está a subir, a repressão é que está a subir e a criminalidade e a insegurança consequente também é que estão a subir, afectando a todas as famílias. O que não sobe são os salários. Quem afirmar que os rendimentos ou o poder de compra dos trabalhadores angolanos estão a subir não conhece a realidade do sofrimento das famílias angolanas.’’

Por outro lado, Samakuva afirmou que a economia angolana tornou-se prostituta por causa dos esquemas de corrupção dos governantes. ‘’A economia ficou prostituída. É verdade que os accionistas das empresas que beneficiam do proteccionismo do Estado e dos grandes contratos públicos são os próprios governantes, seus familiares directos ou seus agentes. No fundo, o país não tem um sector privado nacional sólido, separado dos favores do poder político. Mas os angolanos devem saber também que este processo de consolidação do Estado por via da estrutura prostituída da sua economia política serviu principalmente para inviabilizar a democracia e a unidade nacional, por via da asfixia da UNITA, da asfixia da sociedade civil. Do empobrecimento da maioria esmagadora da população angolana e também do sequestro de certas vozes no seio do próprio partido no Poder. Esta era, porém, chegou ao fim. Agora chegou o momento para um novo começo!’’ fez saber.

Acerca do processo do registo eleitoral, o presidente da Unita disse o seguinte, ‘’para que o registo eleitoral em curso, bem como as Eleições Gerais, que vamos preparar, se pautem pela lisura e transparência, é necessário que o Chefe de Estado e o Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas, respectivamente, ordene ao Titular do Poder Executivo e à Casa Militar do Presidente da República para deixarem de interferir no exercício das competências constitucionais da Comissão Nacional Eleitoral. É necessário que o Estado paralelo deixe de organizar processos eleitorais viciados com resultados pré definidos com o propósito de subverter a vontade popular e os fundamentos da República de Angola só para assegurar a supremacia e hegemonia de um Partido - estado por décadas.’’

Na conferência de imprensa realizada nesta quarta-feira, 19, numa das unidades hoteleiras da cidade capital, o presidente da Unita, manifestou a sua solidariedade aos familiares das vítimas da tragédia ocorrido em Benguela depois de um espetáculo realizado pela Ls Republicano.

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