Isabel admite processar Consórcio de Jornalistas responsável pelo Luanda Leaks
Isabel dos Santos vai processar o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), de acordo com um comunicado emitido ontem.

P U B L I C I D A D E

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A empresária e filha do antigo presidente de Angola José Eduardo dos Santos considera que os documentos divulgados através daquela organização, a que estão associados órgãos de comunicação de 20 países, foram obtidos "criminosamente" através de pirataria informática, com o objetivo de criar uma "falsa narrativa" sobre os negócios e a fortuna da empresária.

"Refuto as alegações infundadas e falsas afirmações e informo que deram início as diligências para as ações legais contra a ICIJ e parceiros da ICIJ, as quais serão conduzidas pela empresa internacional de advogados Schillings Partners", revelou, em comunicado enviado à agência Lusa, Isabel dos Santos. A empresária, acusada em Angola de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol, considera que foi "alvo de uma campanha [...] orquestrada por vários órgãos de comunicação social".

"Foram usados seletivamente imagens e documentos, mal interpretados e supostamente baseados em e-mails obtidos criminalmente por via de 'hacking', para construir uma narrativa enganosa sobre as minhas empresas, investimentos e trabalho em geral", afirmou. Isabel dos Santos lamenta o que considera "ações irresponsáveis de alguns jornalistas que [...]desencadearam uma tragédia humana e negligenciaram o respeito pelo direito à privacidade".

A empresária, que depois das revelações da investigação jornalística tem anunciado a intenção de alienar as suas participações em várias empresas portuguesas, garante que nenhum desses investimentos foi feito com "fundos de origem ilícita".

"Os investimentos realizados em Portugal foram constituídos por fundos lícitos, tendo sido respeitados os procedimentos do Banco Nacional de Angola (BNA) no que se refere ao licenciamento de exportação de capitais", disse. "As empresas com as quais opero são legítimas, pagam impostos, e nenhuma foi jamais condenada por atividade criminal", acrescentou.

Entre os investimentos, destacou a relação empresarial com a Portugal Telecom Ventures, adiantando que a parceria em Angola gerou mais de mil milhões de euros em dividendos. Isabel dos Santos considerou ainda que lei do repatriamento de capitais de Angola "não se aplica a fundos lícitos" e "devidamente licenciados pelas autoridades", antes visa "fundos de proveniência criminal".

Ontem, William Bourdon, o advogado e presidente da Plataforma para a Protecção de Whistleblowers em África (PPLAAF), revelou que Rui Pinto, autor do site Football Leaks, tinha fornecido à sua organização os documentos do Luanda Leaks.

Num comunicado, Bourdon, que também representa Rui Pinto como advogado de defesa, disse: “O PPLAAF está satisfeito por, mais uma vez, um whistleblower revelar ao mundo actos que vão contra o interesse público internacional”. E sublinhou: “Tal como no caso do Football Leaks, estas revelações devem permitir o lançamento de novas investigações judiciais e assim ajudar na luta contra a impunidade dos crimes financeiros em Angola e no mundo.”

Bourdon disse que Rui Pinto queria expor actividades que eram ilegais ou contrárias ao interesse público e ajudar a sociedade a compreender a cumplicidade dos facilitadores do mundo ocidental no enriquecimento de Isabel dos Santos à custa dos angolanos pobres.

Fonte: EXPRESSO

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