Investimento Estrangeiro cai para o valor mais baixo de sempre, apenas 17,4 milhõesde dólares no I semestre
Trata-se do pior semestre desde o ano em que o BNA começou a divulgar dados sobre o Investimento Directo Estrangeiro em Angola. Se o investimento no sector não petrolífero está em queda, o mesmo acontece no sector do petróleo já que, pela primeira vez desde 2012, o investimento estrangeiro ficou abaixo dos 3 mil milhões USD entre Janeiro e Junho de cada ano.

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) fora do sector não petrolífero continua numa tendência de declínio, depois de Angola apenas ter captado apenas 17,4 milhões USD em financiamentos no I semestre deste ano. Segundo especialistas, a incerteza que se vive nas principais economias lá fora, que caminham para um cenário combinado de recessão e de inflação em alta (estagflação), provocada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e pela alta de preços da energia, acabaram por ditar este cenário de aversão ao investimento não só em Angola, mas um pouco por todo o mundo.

Trata-se do pior investimento estrangeiro fora do sector petrolífero em Angola desde que o BNA publica estes registos, ou seja, 2012. Assim, no entre Janeiro e Março deste ano entraram no país 8,5 milhões USD em investimento estrangeiro no sector não petrolífero, a que se juntaram 8,9 milhões USD no II trimestre, totalizando os 17,4 milhões nos primeiros seis meses deste ano. E o cenário ainda podia ser pior, já que em relação ao I trimestre, em Julho, quando o banco central publicou os dados sobre o Investimento Directo Estrangeiro por Sector no seu website, referia que naquele período apenas tinham entrado 500 mil USD, número que corrigiu semanas mais tarde, já que estes relatórios divulgam dados preliminares.

Assim, contas feitas, o I semestre de 2022 é o pior em termos de investimento estrangeiro fora do sector petrolífero desde 2012, muito abaixo dos 77,6 milhões USD captados nos primeiros seis meses de 2020, que assinalou o início da pandemia da Covid-19, ou os 80,0 milhões USD do I semestre de 2014, em plena crise do petróleo. Quando foram publicados os resultados do I trimestre, já o economista Wilson Chimoco revelava que esta queda no IDE em Angola não se deve propriamente ao ambiente de negócios do País, que tem vindo a melhorar progressivamente, apesar de ainda não estar ao nível que o País precisa, mas deve-se essencialmente ao contexto internacional, com "o aumento do custo do dinheiro, por conta do aumento dos custos de endividamento/investimento nos mercados" financeiros.

Se o investimento estrangeiro no sector não petrolífero no I semestre foi o pior em 11 anos, o mesmo acontece com o IDE no sector petrolífero, já que pela primeira vez desde que o BNA divulga estes dados, este esteve abaixo da barreira dos 3 mil milhões USD nos primeiros seis meses de um ano. Dados que podem comprometer o tão ansiado aumento de produção de petróleo em Angola para quebrar o declínio da produção que já "roubou" mais de 500 mil barris/dia ao País desde 2017.

Num país em que o ambiente de negócios é considerado mau - figurando sempre na cauda do já findo relatório Doing Business do Banco Mundial - apesar das melhorias que resultaram das reformas levadas a cabo pelo Executivo durante o programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) que decorreu entre 2019 e 2021, continua a ser muito difícil captar investimento estrangeiro para o País, sobretudo ao nível do sector não petrolífero, comprometendo, ou atrasando ainda mais, a tão ambicionada diversificação económica.

Um dos principais objectivos do programa do FMI passava não só por melhorar o quadro macro-económico do País mas também o ambiente de negócios para criar uma Angola atractiva para os investidores estrangeiros. Até porque o investimento estrangeiro permite a criação de emprego, o que será sempre fundamental para relançar a economia angolana, que em 2021 quebrou um cinco anos de recessão.

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