Hoje é último dia de Lussaty contar toda verdade em Tribunal
O julgamento do conhecido "caso Lussaty" caminha para o final e esta semana os arguidos vão esgrimir todos os argumentos em sua defesa, antes da decisão final do tribunal. O major Pedro Lussaty, figura principal deste julgamento, será esta segunda-feira o primeiro arguido a dizer tudo o que tem "na garganta" sobre este caso.

No fim desta fase, em que os juízes permitem que os arguidos manifestem os seus argumentos, o tribunal vai, diante dos advogados e do Ministério Público, discutir os quesitos e só depois é que irá marcar a data para a leitura do acórdão.

O major "milionário" será o primeiro dos 49 arguidos, entre civis e militares, a tecer considerações que na altura do seu interrogatório em tribunal não lhe foram permitidas.

Em sede do seu interrogatório, no passado dia 20 de Agosto, Pedro Lussaty disse ter ficado à espera de estar perante um juiz, pois "tinha muita coisa para contar", o que na ocasião não lhe foi permitido porque, segundo o juiz, teria tempo para falar sobre tudo que tem "na garganta" no final do julgamento.

O mesmo recado foi passado aos demais arguidos, entre eles o coronel Manuel Correia, antigo comandante da UGP no Kuando Kabango, o único arguido que confessou, em acareação com o tenente-general Mateus Júnior de Carvalho "Dylangue", e disse ter entregado malas de dinheiro aos generais e que ainda tinha muitos outros assuntos por contar.

Manuel Correia jurou a pés juntos que entregava mensalmente valores ao generais da Casa de Segurança do PR e que estava decepcionado pelo facto de os mesmos mentirem em tribunal.

Quem também deixou evidências de que tem muito a dizer sobre a Casa de Segurança do PR foi o coronel Jacinto Hengombe, antigo assistente principal da Secretaria-Geral, que revelou que parte do dinheiro que retiravam do BPC para a Casa de Segurança foi para a realização de operações especiais, entre elas as campanhas do MPLA nas eleições gerais de 2008, 2012 e 2017.

O coronel contou que o financiamento das campanhas do MPLA era feito sob orientação do general Hélder Viera Dias "Kopelipa", informação que o general negou, recentemente, em declarações ao tribunal.

Após esta fase, que termina esta semana, seguir-se-á a discussão dos quesitos e só depois é que o colectivo de juízes irá marcar a data para a leitura do acórdão.

O Ministério Público (MP) pediu, na semana passada, a condenação dos 49 arguidos do "caso Lussaty".

A procuradora Helga Cadete disse ter ficado provado que o major "milionário" foi colocado na Casa de Segura Presidente da República para desviar dinheiro.

"É com esse dinheiro que o próprio major Pedro Lussaty ainda se envaidece de ser milionário perante este tribunal", afirmou a magistrada.

Pedro Lussaty foi detido na "Operação Caranguejo" em Maio de 2021, supostamente na posse de milhões de dólares e euros. Na ocasião foram ainda apreendidos vários imóveis de luxo.

O major "milionário" e outros 48 arguidos são acusados de crimes de peculato, associação criminosa, recebimento indevido de vantagens, participação económica em negócios e abuso de poder e também de fraude no transporte ou transferência de moeda para o exterior do País, comércio ilegal de moeda, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e de falsa identidade.

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