Empresa suspeita de criar esquemas financeiros dá mais de 105 milhões à Africell
Empresa gere activos do BNA, explora mina de diamantes e está construir porto de Cabinda, vai financiar Africell para arrancar operações em Angola.

A Africell chegou a negar em Abril de 2020 que a Gemcorp tenha financiado as suas operações em Angola. Não financiou no passado, mas financia agora que a operadora precisa de 300 milhões USD para arrancar operações.

A empresa de telecomunicações que ganhou o concurso para a quarta operadora móvel em Angola e que deverá arrancar as operações no País já no III trimestre deste ano recebeu um novo financiamento de 105 milhões USD, tratando-se do terceiro empréstimo estruturado pela Gemcorp.

Este empréstimo vem juntar-se a um outro de 100 milhões USD concedido pela Development Finance Corporation (DFC), entidade do Governo dos Estados Unidos da América, em 2019, e renegociado em Maio deste ano. Assim, a Africell, empresa com origens libanesas, com financiamento dos EUA e sedeado no Reino Unido, garante dois terços dos 300 milhões USD que anunciou há uns meses necessitar para dar início às operações em Angola.

Para isso, a Africell voltou a recorrer à Gemcorp, naquele que é o terceiro empréstimo garantido à companhia pelo fundo de investimento que mais financiou Angola nos últimos anos de Eduardo dos Santos e que tem sido dos principais parceiros do Governo de João Lourenço, garantindo em troca dos seus financiamentos, alguns negócios milionários, como a construção e exploração da refinaria de Cabinda (ajuste directo), vão explorar uma mina de diamantes, e têm sido ao mesmo tempo o maior financiador e o maior credor do Banco Nacional de Angola (BNA), o que levanta dúvidas sobre eventuais conflitos de interesse na gestão desses activos. Este fundo de investimento chegou a ser investigado pelo Serviço de Investigação Criminal no final de 2019, por suspeitas de ter sido cúmplice num esquema em Angola, que passava por garantir que as compras feitas por ministérios ao exterior, por via de financiamentos, eram realizadas em circuito fechado. Produtos chegavam a Angola três e quatro vezes mais caros que os praticados nos mercados internacionais.

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